A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, falou nesta segunda-feira, 22, sobre os ataques racistas sofridos pelo jogador de futebol brasileiro Vinícius Jr., do Real Madrid. Ela classificou a situação como inadmissível e que precisa ser combatida na "raiz", além de destacar que o governo brasileiro aguarda o posicionamento sobre as ações que a La Liga e as autoridades espanholas irão tomar.
"É inadmissível, que, em 2023, a gente ainda tenha que estar aqui chamando a imprensa, em uma coletiva, falando sobre racismo. Enquanto tiver sangue correndo nas minhas veias, enquanto a gente estiver à frente desta pasta da Igualdade Racial, que o governo federal, do presidente Lula, que a gente vai tá cuidando do povo brasileiro preto, seja aqui, seja fora do país, porque se tem uma coisa que assola a nossa comunidade preta é o racismo. E esse mal é um caso que a gente precisa combater na raiz", iniciou Anielle Franco.
A ministra ainda destacou que o governo brasileiro "vai para cima" das autoridades espanholas para que o campeonato seja investigado. "A gente vai notificar através do MP para que a La Liga responda pelos seus atos. A gente vai para cima das autoridades, notificar, oficializar para que tenha uma resposta. O histórico da La Liga não é bom, é bem racista", disse Anielle.
Confira a entrevista no link abaixo:
Entenda o caso
No domingo, durante o segundo tempo, Vinícius Jr. acusou parte da torcida do Valencia de proferir insultos racistas contra ele, utilizando a palavra "macaco". O jogo foi interrompido por aproximadamente 8 minutos devido a essa situação.
Ao final da partida, entretanto, Vinícius se envolveu em uma confusão com Hugo Duro e acertou um golpe no rosto do jogador do Valencia, resultando em sua expulsão após revisão do VAR. Os operadores do vídeo, porém, omitiram um mata-leão de Hugo no camisa 20 do Real, que se estendeu por cerca de 10 segundos antes do golpe de Vinícius.
Após o jogo, o jogador foi para o vestiário e não atendeu aos jornalistas. Nas redes sociais, Vinícius desabafou sobre o episódio deixando um recado aos espanhóis, afirmando como a Espanha é vista no Brasil e o que se tornou o Campeonato Espanhol.
"Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi hoje é dos racistas. Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista. Lamento pelos espanhóis que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas. E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo. Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui", desabafou.
Racismo é crime; saiba como denunciar
Racismo é crime, com pena prevista de até 5 anos de prisão. Ao presenciar qualquer episódio de racismo, denuncie. Você pode fazer isso por telefone, ligando 190 (em caso de flagrante) ou 100 a qualquer horário; pessoalmente ou online, abrindo um boletim de ocorrência em qualquer delegacia ou em delegacias especializadas.