Vereadora do PT em Campinas recebe ameaças de morte por e-mail e registra boletim de ocorrência

Paolla Miguel prestou queixa e disse que o caso se trata de 'ameaça à vida e à democracia brasileira'; o crime foi registrado como preconceito de cor ou raça

6 mai 2024 - 21h01
(atualizado em 7/5/2024 às 09h17)

Nesta segunda-feira, 6, a vereadora de Campinas Paolla Miguel (PT) registrou um boletim de ocorrência após receber ameaças de morte, ofensas racistas e homofóbicas por e-mail. O ataque foi enviado à Câmara Municipal e a gabinetes de diversos vereadores pelo autor, que afirma que vai matar "a vereadora Paolla e fazer um massacre na Câmara". A queixa registrou o crime de preconceito de raça ou cor na Delegacia Eletrônica da Polícia Civil de São Paulo.

No e-mail, ao qual o Estadão teve acesso, o autor chama Paolla de "macaca", "favelada", e diz que a parlamentar "usa dinheiro público para fazer festas para aberrações LGBT" que "merecem a morte". Além das ofensas racistas direcionadas à vereadora, também foram alvos das ameaças os vereadores Major Jaime (União), Permínio Monteiro (PSB), Higor Diego (Republicanos), Cecílio Santos (PT) e Guida Calixto (PT), todos negros. O remetente se identifica com o nome de outra pessoa que já teve seus dados roubados para cometer crimes de ódio na internet.

Publicidade
Paolla Miguel (PT), vereadora de Campinas
Paolla Miguel (PT), vereadora de Campinas
Foto: Reprodução/Instagram/@vaipaolla

Ao longo do texto são citadas diversas violências que o autor pretende cometer caso Paolla não renuncie ao mandato. Ele afirma morar no Rio de Janeiro, ser beneficiário do Programa Bolsa Família, e se mostra revoltado porque a vereadora "ganha uma fortuna". Além de ameaçar incendiar a Câmara e matar todos os parlamentares e assessores, "exceto Nelson Hossri", do PSD, o remetente diz que a Câmara é um "lugar de homens brancos de bem" que tem sido transformado em um "zoológico".

Ao citar novamente Hossri, o autor da mensagem agradece o esforço do parlamentar e o suposto "apoio" dele na "missão". Procurado, o vereador disse ao Estadão que a situação "é um absurdo" e que repudia as "ameaças criminosas". Hossri afirmou que também vai registrar um boletim de ocorrência e declarou que o debate dele se "limita ao campo político ideológico" e que não compactua, "em hipótese alguma, com essas ameaças criminosas e pessoais".

Chamada de "comunista, preta e sapatão", Paolla classificou a ameaça como "gravíssima" e disse que solicitou "ao presidente da Casa o reforço na segurança do prédio da Câmara". "Uma mensagem de ódio extremista e terrorista que anuncia um massacre armado contra minha pessoa e contra outros parlamentares negros da nossa cidade", escreveu ela em nota oficial publicada no Instagram.

A petista ainda cita um evento ocorrido em 2021 em que ela foi chamada de "preta lixo" - termo presente no e-mail - por uma apoiadora "da extrema-direita no Plenário". Para Paolla, normalizar situações como estas "empodera e encoraja grupos de ódio que cometem atitudes de ameaça" e, por isso, é necessário buscar "todos os meios possíveis" para garantir a segurança dos vereadores atacados.

Publicidade

A parlamentar também disse que a situação "exige muita frieza e atenção" e que não está surpresa, já que "uma denúncia infundada foi realizada recentemente na Câmara" contra o mandato dela, referindo-se ao processo disciplinar aberto na Casa que pode levar à cassação da vereadora.

O motivador do processo foi a destinação de verbas à organização do evento conhecido como Lambuzada, que repercutiu devido às apresentações com cenas eróticas e de nudez. Por causa do teor considerado "absurdo", o deputado estadual Rafael Zimbaldi (Cidadania-SP) enviou ao Ministério Público de São Paulo um pedido de investigação do caso. Em nota, Paolla afirmou que não teve conhecimento prévio do conteúdo das apresentações e que a responsabilidade seria do produtor.

Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações