A vereadora de São Paulo Erika Hilton e a vereadora suplente de Porto Alegre e ativista pelos direitos das pessoas trans e travestis Natasha Ferreira, ambas do PSOL, anunciaram nesta terça-feira (9) que denunciarão o presidente da república, Jair Bolsonaro (PL), ao Ministério Público por homofobia após fala insinuando no Flow Podcast que a epidemia de varíola dos macacos é relacionada à homossexualidade.
Bolsonaro concedeu entrevista nesta segunda-feira (8) ao apresentador Igor Coelho e, quando o apresentador diz que tomaria a vacina, Bolsonaro diz em tom debochado: “tu não me engana. Eu tenho certeza de que você quer tomar”.
“O mundo inteiro está preocupado com a epidemia de monkeypox e está se mobilizando para encontrar políticas concretas de combate à doença. Infelizmente, o presidente do Brasil mais uma vez se coloca na contramão da lógica e da ciência, exatamente como foi com a covid-19”, afirma a vereadora Erika Hilton.
Para Natasha, a piada deixa implícito que o apresentador teria comportamento homossexual e lembra que homofobia no Brasil é crime. “Existe uma grande preocupação no mundo por que alguns dados mostram que a doença acabou atingindo mais homens gays, mas ela não é exclusiva desta parcela da população, muito pelo contrário. Grupos conservadores já começaram a usar a doença para estigmatizar pessoas LGBTI+, assim como aconteceu com o HIV. Quando Bolsonaro faz esse tipo de piada nas entrelinhas, tenta se proteger, mas deixa evidente o preconceito e a mensagem de discriminação é entregue. Não vamos silenciar”.
Na denúncia que será apresentada, as vereadoras pretendem lembrar que Bolsonaro é reincidente em casos de homofobia e lembram que o Ministério Público já reconheceu ações discriminatórias dele. Em 2020, as vereadoras, juntamente com as deputadas Fernanda Melchionna, Luciana Genro e Sâmia Bomfim do PSOL, denunciaram Bolsonaro por ter feito piadas homofóbicas no Maranhão, ao afirmar que viraria homossexual por tomar um guaraná de cor rosa. A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), em movimento inédito, pela primeira vez na história se manifestou dizendo que um presidente cometeu crime de homofobia. Mesmo assim, o MPF resolveu arquivar a denúncia.