A vereadora do Rio de Janeiro Monica Benício (PSOL-RJ), viúva de Marielle Franco, criticou o pronunciamento do ministro da Justiça, Ricardo Lewandwski, sobre a homologação da delação premiada do ex-policial Ronnie Lessa, apontado como o autor da execução da parlamentar e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018. Pelas redes sociais, Monica afirmou que a declaração do ministro "em nada colabora" e "apenas aumenta as especulações e uma disputa de protagonismo político que não honram as duas pessoas assassinadas".
Segundo Monica, Lewandowski transformou os fatos do caso "num espetáculo" e criticou a falta de respostas concretas sobre quem mandou Marielle e Anderson.
"Transformar os fatos deste caso num espetáculo já virou prática corriqueira de diversos veículos de imprensa, contra a qual tenho lutado duramente. O que me causou surpresa, realmente, foi ver um Ministro de Estado agir do mesmo modo, em especial, com o fechamento vazio de seu pronunciamento, ao dizer 'brevemente pensamos que teremos resultados concretos'. Queremos respostas concretas", escreveu a parlamentar em um post no X (antigo Twitter).
Em outro trecho do texto, Monica afirma que os familiares da vereadora e do motorista mortos em 2018 - crime que completou seis anos neste mês - não aguentam mais a "falta de respostas", "promessas vazias" e "prazos que não se sustentam".
"Nós, familiares de Marielle e Anderson, não aguentamos mais a falta de respostas sobre quem mandou matar Marielle e nem promessas vazias sobre especulações de prazos que não se sustentam, só servem pra aumentar a nossa dor e a nossa ansiedade. Isso é desrespeitoso conosco, familiares e amigos que perdemos pessoas amadas e vivemos com a ausência de justiça", afirmou.
Ao anunciar nesta terça-feira, 19, que o Supremo Tribunal Federal (STF) homologou a delação premiada de Ronnie Lessa, Lewandowski voltou a defender que, "brevemente", o caso deve terá uma solução, sem citar uma data ou período específico.
"A colaboração premiada tramita em segredo de Justiça, obviamente este ministro não teve acesso a ela, como é evidente, mas nós sabemos que esta colaboração premiada, que é um meio de obtenção de provas, traz elementos importantíssimos que nos leva a crer que brevemente teremos a solução do assassinato da vereadora Marielle Franco", disse Lewandowski. "Esse procedimento seguiu o estritamente o devido processo legal", completou.
Em janeiro, diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, afirmou, em entrevista à rádio CBN, que a investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes deve ser concluída no primeiro trimestre deste ano.
Embora os apontados como o autor dos disparos e o motorista que o conduziu naquela noite de 17 de março de 2018 no Rio de Janeiro estejam presos, ainda falta saber quem mandou matar Marielle.
Os investigadores ainda não revelaram detalhes sobre a motivação e sobre quem teria sido o mandante do crime. Por volta das 21h30, Marielle e Anderson foram alvejados em uma rua do Estácio, na zona norte da cidade, por sete tiros, disparado de dentro de um carro, quando voltavam de um evento promovido pelo partido da vereadora, o PSOL. A jornalista Fernanda Chaves, então assessora da parlamentar, estava no veículo e sobreviveu ao ataque, atingida por estilhaços de vidro.