Um homem que mora em uma casa vizinha a um terreiro de umbanda em Ponta Grossa, no Paraná, está sendo investigado pela polícia após jogar o carro em direção a uma mãe de santo do local, além de ter proferido xingamentos contra os frequentadores. Câmeras de segurança flagraram a violência nesta segunda-feira, 30.
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Em entrevista ao programa Tá Na Hora Paraná, do SBT, a mãe de santo Lúcia Mara Santos contou que o vizinho saía com o carro enquanto uma convidada do terreiro estava andando pela calçada, após uma celebração. Ele acionou a marcha ré e, por pouco, não atropelou a mulher.
Em um vídeo feito por Lúcia, o homem aparece exaltado, xingando os frequentadores do terreiro. "Bando de macumbeiro", ele diz enquanto outras pessoas tentam acalmá-lo. Logo depois, o homem joga uma banana, que cai aos pés de Lúcia.
A polícia foi acionada por vizinhos, mas o homem recusou sair de casa para receber as autoridades. Marcos Dura, dirigente do terreiro, diz que há 10 anos os frequentadores lidam com as atitudes intolerantes do vizinho. "A gente está sofrendo todos os ataques desse senhor, de racismo, homofobia, religioso e tudo o mais. A gente chama a polícia, eles tentam resolver e não conseguem", contou ao programa de TV.
Os membros do terreiro registraram boletins de ocorrência sobre os casos de violência, mas mesmo após as denúncias, o comportamento do homem nunca mudou.
O vizinho é Oiles Sarafim, que em 2016 virou réu por perturbação a culto religioso. Na época, ele aceitou um acordo com a Justiça e o processo foi extinto. Já em 2019, ele se tornou réu por perturbação a culto religioso e injúria racial. O processo tramita na Justiça e há uma audiência de instrução e julgamento marcada para o próximo dia 10 de outubro.
Em nota ao Terra, a Polícia Civil do Paraná (PCPR) informou que instaurou inquérito policial a fim de apurar a prática dos crimes de injúria preconceituosa de caráter religioso, injúria racial e racismo, além de possível tráfico de influências em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais. A vítima já foi ouvida pela autoridade policial e diligências estão sendo realizadas a fim de apurar os fatos por completo.
"Segundo o que foi apurado, existem dois procedimentos, já finalizados, envolvendo as mesmas partes e fatos similares", reforçou a PCPR.