20 funcionários são demitidos após paciente morrer na espera em UPA no Rio

Após um homem morrer sentado esperando por atendimento em uma UPA no Rio, 20 funcionários são demitidos

16 dez 2024 - 22h10
20 funcionários são demitidos após paciente morrer na espera em UPA no Rio
20 funcionários são demitidos após paciente morrer na espera em UPA no Rio
Foto: Reprodução/ Instagram / Contigo

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) demitiu 20 funcionários da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio, após a morte de José Augusto Mota da Silva, de 32 anos. O artesão faleceu enquanto aguardava atendimento na última sexta-feira (13). Entre os demitidos estão quatro médicos, além de enfermeiros, recepcionistas e porteiros. A decisão foi acompanhada pela abertura de uma sindicância para apurar o ocorrido. "É inadmissível que não tenham percebido a gravidade do caso", declarou o secretário de Saúde, Daniel Soranz, reforçando a seriedade da situação.

CASO REVOLTOU O PAÍS

José Augusto chegou à UPA às 19h40, queixando-se de fortes dores e vômitos. Segundo seu amigo e porteiro, Douglas Batista da Silva, que o acompanhava, o caso parecia urgente. No entanto, a triagem só foi realizada às 20h30, e o óbito foi confirmado às 21h, conforme consta na declaração oficial. A demora no atendimento foi criticada por Douglas, que descreveu a situação como "absurda". A imagem do artesão morto em uma cadeira da sala de espera viralizou nas redes sociais, gerando indignação e mobilização popular.

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O artesão morava no Rio desde 2012, onde dividia seu tempo entre a venda de artesanato nas praias e o trabalho como garçom em um restaurante na Barra da Tijuca. Recentemente, enfrentava dificuldades financeiras e chegou a viver nas ruas de Copacabana. Nos últimos meses, estava morando sozinho em Rio das Pedras, após o término de um relacionamento. Para amigos e moradores da região, sua morte simboliza o descaso com a saúde pública, um problema recorrente nas UPAs da cidade.

POLÍCIA ESTÁ INVESTIGANDO

A morte de José Augusto gerou reação imediata de autoridades e instituições. A Comissão de Saúde da Câmara do Rio iniciou uma apuração sobre as circunstâncias do falecimento, enquanto o Conselho Regional de Medicina abriu uma sindicância para investigar possíveis negligências. O prazo para conclusão é de 90 dias, mas há expectativa de um resultado mais rápido, dada a gravidade do caso. A Polícia Civil também acompanha a investigação, com depoimentos já colhidos.

A comoção em torno do caso levanta questionamentos sobre a gestão da saúde pública no Rio de Janeiro. A UPA Cidade de Deus, como outras unidades do estado, já era alvo de críticas por problemas estruturais e falhas no atendimento. A demissão em massa representa um marco na busca por mudanças, mas a população segue exigindo justiça e melhorias no sistema de saúde. "Se tratava de uma emergência, e nada foi feito a tempo", lamentou Douglas Batista.

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