5 coisas que você precisa saber antes de hospedar seu cão ou gato para viajar

As instalações de embarque durante os períodos de pico podem ser ambientes estressantes para cães e gatos. Alguns podem não ser adequados para isso.

18 dez 2024 - 11h36
Tatiana Kovaleva/Shutterstock
Tatiana Kovaleva/Shutterstock
Foto: The Conversation

Quem não se lembra do caso de Joca, o golden retriever que deveria ter sido enviado para Guarulhos, São Paulo, em abril deste ano, mas foi embarcado por engano para Fortaleza e, após 8 horas de viagem, acabou morrendo por uma parada cardiorrespiratória? Veja, neste artigo, algumas recomendações para quem está planejando deixar seu bicho de estimação aos cuidados de terceiros neste período de férias.

Nesta época do ano, os tutores de animais de estimação estão correndo para finalizar os preparativos para as festas de fim de ano e para deixar os amados cães ou gatos em locais acolhedores em casos de viagens.

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Alguns sortudos vão para a casa de um familiar ou de amigos. Outros podem ter uma babá cuidando deles em sua própria casa. Mas a solução comum é colocar seu animal em um internato, hotel ou pensão para pets enquanto estiver fora.

Os estabelecimentos de hospedagem podem ser pequenos e sofisticados, ou muito grandes; alguns abrigam centenas de animais de uma só vez durante o período de dezembro a janeiro.

Aqui estão cinco propostas para se pensar antes de deixar o cão ou o gato hospedado durante as férias.

Um cachorro com olhos azuis olha para o observador através de uma gaiola.
Foto: The Conversation
Alguns animais de estimação se adaptam bem ao embarque; outros têm dificuldades.Foto de Elina Volkova/Pexels

1. A mudança pode ser estressante

As hospedagens para pets podem ser ambientes especialmente tensos para cães e gatos durante os períodos de pico.

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Os fatores mais comuns incluem:

  • espaços apertados

  • contato humano restrito

  • mudança drástica na rotina e nos padrões de sono.

Habitações com alta densidade de animais de estimação também podem aumentar o risco de doenças.

2. Alguns animais não são adequados para ficar em alojamentos

Há os pets que chegam em uma casa de hospedagem e se adaptam em poucos dias, parecendo estar felizes como sempre. Outros podem levar mais tempo e se adaptar mais gradualmente.

Porém, alguns ficam mais angustiados quanto mais tempo ficam alojados.

Eles podem apresentar comportamentos repetitivos ou latir e miar constantemente.

Sinais de casos extremos:

  • não comer nada

  • ficar muito agressivo, de modo que se torna difícil para a equipe lidar com segurança

  • lamber ou mastigar partes do corpo

  • machucar-se

  • tentar escapar.

Embora as instalações desses alojamentos sejam normalmente construídas para manter os animais dentro de ambientes restritos, é incrível o que um animal desesperado ou em pânico pode fazer para fugir, passar por cima ou por baixo de obstáculos.

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Um estudo estimou que 4% dos gatos não se adaptam a alojamentos porque seus níveis de irritabilidade ao longo de uma estadia de duas semanas não diminuem.

Pense muito bem antes de reservar um hotel para um animal que:

  • é propenso à ansiedade

  • não gosta de ruídos altos ou mudanças no ambiente doméstico

  • tende a atacar, escalar, arranhar ou morder se ficarem sobrecarregados ou assustados

  • tem um histórico de tentar fugir quando está em pânico.

3. O design das instalações é importante

A distribuição de espaços, mobiliários e brinquedos compartilhados das instalações pode ter um grande impacto no nível de estresse e na facilidade com que as doenças se espalham.

Aqueles com passagens estreitas ou muitos canis voltados para uma corredor central podem provocar comportamentos defensivos ou de frustração nos cães, como latidos e ataques.

Grandes edifícios lotados de animais expõem os bichos a barulhos e atividades, dificultando seu relaxamento e sono.

Também aumenta o risco de disseminação de patógenos transportados pelo ar, como o Complexo de Doenças Respiratórias Infecciosas Caninas (também conhecido como tosse dos canis).

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A instalação pode ter áreas comuns maiores para exercícios. Elas podem variar enormemente em design, de espaços abertos a pátios contendo equipamentos de recreação e jardins.

Um cão brinca em um canil de embarque de cães
Foto: The Conversation
Quais são as atividades oferecidas pelo local de embarque?Ryan Brix/Shutterstock

Áreas comuns bem projetadas introduzem mais complexidade ambiental. Isso significa múltiplos níveis, superfícies diferentes e locais onde o cheiro pode se acumular (como sob arbustos).

Um estudo descobriu que os gatos apreciam a complexidade do ambiente, como prateleiras e arranhadores, e que, com um cercado um pouco maior ficam menos estressados.

O mesmo estudo descobriu que quanto mais gatos compartilham um espaço, mais ariscos eles ficam. Aqueles que não foram socializados com outros gatos devem ser alojados separadamente.

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Tente ver a instalação antes de reservar. Quanto mais silencioso o local, melhor. Observe o tamanho do espaço em que seu animal de estimação viverá e leve em consideração quais as restrições espaciais que ele já experimentou e lidou antes.

Há opções para pagar por mais tempo no quintal ou caminhadas? Escolha caminhadas ou tempo individual com a equipe em vez de tempo extra no quintal, se houver opção. Os animais de companhia podem perder contato social com humanos durante a estadia e apreciar, em contrapartida, um passeio em um cenário diferente em relação ao seu recinto e ao quintal.

Todas as cercas, portões, canis e outros equipamentos estão limpos e seguros? Os animais são especialistas em encontrar cantos afiados, pequenas brechas e infraestrutura quebrada para se machucar.

4. A preparação é fundamental

Tente facilitar a experiência de hospedagem do seu animal com cuidado:

  • fazendo estadias curtas de teste em horários tranquilos para que a primeira estadia não seja um choque total

  • garantindo que seu animal de estimação esteja com as vacinas em dia

  • considerando que os animais que já estiverem tomando medicamentos ansiolíticos ou com alto risco de ansiedade podem precisar de uma dose maior para a estadia. Converse com o veterinário prescritor pois isso precisará ser testado antes de iniciar a hospedagem

  • certificando-se que seu animal tenha experiência em ficar sozinho, de preferência em lugares desconhecidos

  • evitando enviar itens familiares de casa, a menos que a instituição o incentive; é uma boa ideia, mas a maioria dos itens ficará suja

  • evitando alojamento em grupo com animais desconhecidos, a menos que você tenha um animal sociável e que tente ativamente fazer novos amigos em todas as oportunidades.

Moradia social é uma maneira importante de aliviar o estresse do confinamento de cães em abrigos a longo prazo. No entanto, pode ser desgastante para animais de estimação passar muito tempo perto de desconhecidos da mesma espécie.

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5. Pense em como você receberá seu animal de estimação de volta à casa

Ele pode estar anormalmente quieto após uma estadia em um alojamento. Ele provavelmente não dormiu tanto quanto de costume.

Talvez esteja mais ansioso para fazer coisas que não podiam ser feitas enquanto estavam hospedados, como explorar áreas externas sem restrições, rolar na grama, correr e passar tempo com a família humana. Reserve um tempo extra para essas atividades.

Uma pessoa dorme na cama com seu gato.
Foto: The Conversation
Reserve um tempo extra para seu animal de estimação após a volta.Sukovvvlad/Shutterstock

Monitore seu animal de estimação para sinais de doença. As doenças mais comuns que eles pegam durante o internamento são a gripe felina e tosse canina. Pode ser extremamente difícil controlar essas doenças contagiosas em instalações de embarque de alta rotatividade, e o fato de estar mais estressado torna-o mais propenso a doenças em geral. Leve-o ao veterinário se ele apresentar quaisquer sintomas de indisposição.

The Conversation
Foto: The Conversation

Melissa Starling trabalha para a Pet Behaviour Vet, uma empresa que oferece consultoria veterinária para problemas de comportamento em animais de companhia. Ela opera a Creature Teacher, uma empresa de consultoria em comportamento animal. Anteriormente, Melissa Starling trabalhou em uma empresa de embarque de animais de estimação de alto volume.

Este artigo foi publicado no The Conversation Brasil e reproduzido aqui sob a licença Creative Commons
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