Açougueiros franceses escreveram uma carta ao governo francês pedindo proteção contra ativistas veganos, acusando-os de tentar por um fim à tradicional cultura de consumo de carne do país.
A Federação Francesa de Açougueiros cita, na carta, vários casos de açougues e outros mercados de carne que foram apedrejados ou pichados com frases e adesivos "anticarne".
Nos últimos meses, 15 lojas foram "atacadas" com banhos de sangue falso.
Jean-François Guihard, da Federação Francesa de Açougueiros, diz na missiva que vê esses ataques como uma forma de terrorismo.
"É o terror que essas pessoas estão procurando semear em seu objetivo de fazer desaparecer toda uma parte da cultura francesa", escreve ele. Para Guihard, os veganos querem "impor à imensa maioria das pessoas seu estilo de vida, ou mesmo sua ideologia".
Vegetarianos e veganos representam uma pequena parcela da população francesa. Uma pesquisa de 2016 estimou em apenas 3% a fatia de vegetarianos entre os franceses - no Brasil, segundo uma pesquisa do Ibope divulgada em maio passado, seriam 14%.
"O estilo de vida vegano tem sido exagerado na mídia", disse Guihard.
Briga antiga
Os açougueiros têm um lugar de peso na vida tradicional francesa, mas incidentes como os relatados na carta não são novos, relata a correspondente da BBC, Lucy Williamson.
Ela cita o relato de um açougueiro que, há 20 anos, teve de lidar com manifestantes que passavam cola na fechadura de sua loja.
Preocupados com quedas na venda de carne, os açougues e frigoríficos têm pressionado o governo para proteger o consumo com outras medidas.
Em abril, o Parlamento aprovou uma legislação impedindo o uso dos termos "filé", "bacon" e "salsicha" na comercialização de produtos que não são derivados de carne.
Além disso, o Legislativo rejeitou uma proposta para exigir que as escolas introduzissem uma refeição vegetariana semanal no cardápio das crianças.
Ativista vegana na prisão
Em março, uma ativista vegana foi condenada à prisão na França por postar uma mensagem no Facebook dizendo que a morte de um açougueiro por um militante islâmico seria "justiça".
Ela escreveu que tinha "compaixão zero" pela vítima do ataque - um atentado terrorista que deixou quatro mortos em um supermercado em Trèbes - e foi condenada a sete meses de prisão como punição por tolerar o terrorismo.