A Assembleia Legislativa do Tocantins aceitou, na manhã desta terça-feira, 7, um pedido de abertura de processo de impeachment do governador afastado do Estado, Mauro Carlesse (PSL). O presidente da Assembleia, deputado Antônio Andrade (PSL), recebeu a denúncia feita no dia 3 de dezembro pelo advogado Evandro de Araújo de Melo Júnior.
Após a admissão, em ato não previsto no regimento, o presidente da Casa submeteu sua decisão ao Plenário. Em votação simbólica, os 23 deputados presentes, inclusive aliados e líderes de Carlesse, respaldaram a abertura do processo contra o governador, afastado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
"Recebi a denúncia com muita tristeza, porque o Estado vive uma sequência de cassação de ex-governadores e o impeachment é uma matéria muito negativa, mas regimentalmente é a minha prerrogativa, então recebi, mas submeti à votação do Plenário", disse o deputado.
No total, quatro representações imputam crime de responsabilidade a Mauro Carlesse. Os outros três, de autoria do sindicalista Cleiton Pinheiro, do deputado estadual Júnior Geo (Pros) e do deputado federal Vicentinho Júnior (PL), acabaram arquivados por não preencher os requisitos, de acordo com o presidente.
A representação tem como base duas investigações da Polícia Federal em tramitação no STJ que levaram ao afastamento de Carlesse do cargo pela Corte Especial do tribunal. Um dos inquéritos o apontam como chefe do suposto esquema de cobrança de propina de donos de hospitais e clínicas, que prestavam serviço ao plano de saúde dos servidores estaduais. O outro o acusa de aparelhar a Polícia Civil para impedir investigações contra aliados e blindar o sobrinho, Claudinei Aparecido Quaresemin, ex-secretário de Parceria e Investimentos, também investigado e apontado como o outro membro do núcleo de comando da organização criminosa, que incluía servidores estaduais.
Em nota, Carlesse disse que o impeachment é "apressado e impensado" pois aguarda decisão sobre o pedido de reconsideração de seu afastamento, que se deu, segundo ele, em fase de inquérito unilateral no qual ele não teve direito ao acesso integral nem de ser ouvido. Ele defende que praticou apenas atos para resgatar a credibilidade e a recuperação do Estado e confia "na Justiça e nos justos" para garantir seu retorno ao cargo.