Número praticamente dobrou desde janeiro e já supera a totalidade de 2015, aumentando temores quanto ao aliciamento por parte de criminosos. Polícia diz que motivo seria dificuldades no registro dos migrantes.
O Departamento Federal de Investigações da Alemanha (BKA) informou que, até julho deste ano, 8.991 crianças e jovens refugiados haviam sido dados como desaparecidos no país.
Os dados, divulgados nesta segunda-feira (29/08) pelo jornal alemão Neue Osnabrücker Zeitung, demonstram que na primeira metade de 2016 o número de migrantes que não estão em contato com as autoridades já supera o total do ano anterior.
Destes, quase a totalidade (8.046) é de adolescentes, além de 876 crianças com menos de 13 anos. O número de pessoas cujo paradeiro é desconhecido praticamente dobrou desde janeiro, quando 4.749 refugiados eram dados como desaparecidos.
As estatísticas alimentam temores de que jovens desacompanhados seriam vulneráveis ao aliciamento por parte de grupos criminosos. O BKA, porém, diz não haver provas concretas de que isso ocorra em grande escala.
"Em muitos casos, não é que as crianças tenham partido sem algum planejamento. Elas querem visitar seus pais, familiares ou amigos em outras cidades da Alemanha ou até mesmo em outros países europeus", afirmou um porta-voz da polícia ao Neue Osnabrücker Zeitung.
A polícia diz que o aumento no número de desaparecidos pode ser explicado, em parte, em razão dos jovens que se registraram mais de uma vez junto às autoridades alemãs, como, por exemplo, aqueles que se mudaram para outras regiões do país.
O BKA afirma ser difícil manter dados precisos, uma vez que muitos migrantes chegaram à Alemanha sem documentos de identificação, e seus nomes podem ter sido transliterados de modos diferentes ao se registrarem.
Menos refugiados chegam ao país
Em fevereiro, a Europol - agência de polícia europeia - calculou que ao menos 10 mil menores refugiados desacompanhados teriam desaparecido após chegarem à Europa.
Há alguns meses, a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) alertou que os menores desacompanhados provenientes de zonas de conflito seriam "de longe, o grupo mais vulnerável entre os refugiados". Ao serem enviados à Europa antes de seus pais, que planejam se juntar a eles mais tarde, eles acabam ficando à mercê de criminosos.
O Departamento Federal de Migração e Refugiados (Bamf) informou neste domingo que espera para 2016 a chegada de um número significativamente menor de requerentes de asilo à Alemanha em comparação ao ano anterior, quando cerca de um milhão de migrantes entraram no país.
"Estamos nos preparando para receber entre 250 e 300 mil refugiados neste ano", disse o diretor do Bamf, Frank-Jürgen Weise, ao jornal Bild am Sonntag.