Ministro do Exterior alemão critica outros países europeus pela falta de iniciativa em receber crianças desacompanhadas das ilhas gregas, em meio à pandemia de coronavírus. Luxemburgo também deverá receber menores.O governo alemão deverá acolher entre 350 e 500 menores refugiados desacompanhados nas próximas semanas, segundo anunciou o ministro do Exterior do país, Heiko Maas, nesta quarta-feira (08/04). A decisão foi tomada em meio a preocupações sobre a rápida disseminação do coronavírus e superpopulação em campos de refugiados nas ilhas gregas.
Na próxima semana, até 50 crianças deverão viajar dos campos nas ilhas gregas para a Alemanha, um anúncio que foi confirmado nesta quarta-feira pelo governo da chanceler federal Angela Merkel.
Segundo autoridades, os menores provavelmente passarão o período obrigatório de quarentena, de duas semanas, no estado da Baixa Saxônia, antes de serem redistribuídos a diferentes regiões do país.
A Alemanha estaria organizando um voo fretado em conjunto com Luxemburgo. Este país deverá acolher 12 jovens que atualmente estão nas ilhas de Lesbos e Chios. O traslado para Luxemburgo deverá acontecer nos próximos dias em cooperação com a agência da ONU para refugiados (Acnur) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Maas chegou a criticar outros países europeus, dizendo que, "com exceção de Luxemburgo, somos o único país que está disposto a acolher crianças". Ele acrescentou, em entrevista às emissoras RTL e n-tv, que "não queremos esperar mais tempo até que os outros ajam, e estamos começando agora". Ele disse estar seguro de que outros países seguirão o exemplo.
França, Portugal, Finlândia, Lituânia, Croácia e Irlanda também integram um programa europeu anunciado no início de março para acolher alguns dos 1.600 menores desacompanhados dos campos de refugiados nas ilhas gregas. O ministro alemão, porém, disse que esses países suspenderam os planos por causa das restrições e fechamentos de fronteiras impostos para conter a disseminação do vírus.
Há dezenas de campos de refugiados na Grécia abrigando atualmente cerca de 100 mil migrantes - e muitas das instalações sofrem com a superpopulação. Várias organizações internacionais vêm fazendo pressão por uma retirada mais veloz dos menores devido à ameaça da pandemia do coronavírus Sars-Cov-2, especialmente preocupante em locais vulneráveis e aglomerados como os campos de refugiados.
A Grécia descreveu as condições nos campos em algumas de suas ilhas como uma "bomba-relógio" de saúde. Há cerca de 40 mil requerentes de refúgio nos campos das ilhas gregas, principal porta de entrada da União Europeia (UE) para pessoas que fogem de conflitos no Oriente Médio e outros países.
Atenas vem exortando a UE a ajudar com a crise do novo coronavírus e prometeu proteger suas ilhas, onde nenhum caso foi registrado. O governo colocou um campo de refugiados em quarentena na Grécia continental depois que 23 requerentes de refúgio tiveram resultado positivo para o vírus.
Em fevereiro, dezenas de milhares de migrantes tentaram entrar na Grécia depois que a Turquia disse ter aberto as fronteiras para a UE, contrariando um acordo fechado em 2016 com o bloco em troca de auxílio para o acolhimento de refugiados sírios.
A corrida às fronteiras da Grécia foi retaliada fortemente por forças do governo daquele país, mas as tensões se acalmaram desde que a pandemia de coronavírus levou a Turquia a fechar suas fronteiras com a Grécia e a Bulgária.
RK/dpa/afp/rtr
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