Ao PT, defesa de Lula descarta prisão domiciliar

Posição liderada por Cristiano Zanin motivou uma divergência interna entre os advogados do petista

26 jun 2018 - 05h10
(atualizado às 07h55)

O advogado Cristiano Zanin Martins, que integra a equipe de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso pela Operação Lava Jato, disse na noite desta segunda-feira, 25, aos cerca de 20 integrantes do conselho político da presidência do PT que abriu mão do pedido de prisão domiciliar para o petista em recurso ao Supremo Tribunal Federal porque "o ex-presidente Lula quer demonstrar sua inocência plenamente".

Zanin, via videoconferência, deu explicações à cúpula petista sobre as divergências entre os integrantes da equipe de defesa sobre o pedido de prisão domiciliar. A frase foi interpretada por integrantes do conselho como um sinal claro de divisão entre os defensores de Lula.

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Foto: Paulo Whitaker / Reuters

A cúpula do PT quer saber se a decisão partiu do próprio Lula ou foi iniciativa dos advogados. Lideranças do partido criticam a maneira como Zanin conduziu a defesa do ex-presidente até a condenação na segunda instância pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) e questionam se Lula deu a ordem para que o pedido de prisão domiciliar fosse retirado do memorial do recurso. Segundo fontes próximas ao ex-presidente, Lula não manifestou interesse pela prisão domiciliar, mas também não disse que é contra o pedido.

A decisão do ministro do Edson Fachin, que decidiu submeter ao plenário da Corte o recurso da defesa do ex-presidente para que o pedido de liberdade do petista seja analisado pelo tribunal, foi mais um banho de água fria nos setores do PT que insistem na estratégia de manter o nome do ex-presidente como pré-candidato à Presidência nas eleições 2018, apesar das circunstâncias desfavoráveis ao petista.

A posição do partido impede as conversas sobre o plano "B" e até mesmo de possíveis candidatos a vice na legenda. Depois que a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, foram absolvidos pela 2.ª Turma na semana passada, os petistas voltaram a ter esperanças de que Lula pudesse ser libertado a tempo de entrar na campanha eleitoral.

A decisão de Fachin obrigou o PT a traçar um plano de sobrevivência até o dia 15 de agosto, quando acaba o prazo para registro de candidaturas. Na reunião desta segunda-feira, foi aprovado um calendário de mobilizações que inclui pequenos atos espalhados pelo país, a criação de um Comitê Nacional "Lula Livre", em Brasília, a realização do Festival Lula Livre, no Rio, e uma marcha nacional que vai culminar com um grande ato em defesa do direito do ex-presidente ser libertado, também em na capital federal, justamente no dia 15 de agosto, para marcar o ato de registro da candidatura do petista.

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Participaram da reunião a presidente cassada Dilma Rousseff, os ex-ministros Fernando Haddad, Celso Amorim, Ricardo Berzoini, Luiz Dulci, Aloizio Mercadante, Franklin Martins, Gilberto Carvalho e Alexandre Padilha; o ex-presidente do PT Rui Falcão, o líder do PT no Senado, Lindbergh Faria, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, o presidente da CUT, Vagner Freitas, o coordenador nacional do MST João Paulo Rodrigues, entre outros.

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