O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu a "sinergia" de programas do governo brasileiro com a Iniciativa Cinturão e Rota -- conhecido como 'Nova Rota da Seda' -- mas não assinou a adesão ao megaprojeto de Pequim, durante o encontro com o mandatário Xi Jinping em Brasília nesta quarta-feira, 20.
"Estabeleceremos sinergias entre as estratégias brasileiras de desenvolvimento, como a Nova Indústria Brasil (NIB), o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Programa Rotas da Integração Sul-Americana, e o Plano de Transformação Ecológica, e a Iniciativa Cinturão e Rota", disse o petista.
Durante o encontro, os presidentes do Brasil e da China defenderam uma solução política para a guerra da Rússia na Ucrânia. "Em um mundo assolado por conflitos armados e tensões geopolíticas, China e Brasil colocam a paz, a diplomacia e o diálogo em primeiro lugar. Os 'Entendimentos Comuns entre o Brasil e a China para uma Resolução Política para a Crise na Ucrânia' são exemplo da convergência de visões em matéria de segurança internacional", afirmou Lula, acrescentando que "jamais venceremos o flagelo da fome em meio à insensatez das guerras".
Xi, por sua vez, afirmou que "não existe solução simples para um assunto complexo" como a guerra na Ucrânia". "China e Brasil emitiram os entendimentos comuns sobre uma resolução política para a crise", disse o presidente asiático, em relação à iniciativa dos dois países para tentar estabelecer um diálogo entre Kiev e Moscou.
Acordos bilaterais com a China
Em meio à visita de Estado de Xi Jinping ao Brasil, os governos dos dois países assinaram 37 novos acordos bilaterais. Segundo a Presidência da República, os atos assinados abrangem as áreas de agricultura, comércio, investimentos, infraestrutura, indústria, energia, mineração, finanças, ciência e tecnologia, comunicações, desenvolvimentos sustentável, turismo, esportes, saúde, educação e cultura.
O líder chinês foi recebido com honras militares pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a primeira-dama Janja da Silva, no Palácio da Alvorada, residência oficial. Eles se reuniram a portas fechadas com a participação de diversos ministros de cada lado. Ao final da reunião, ambos deram declaração à imprensa, sem espaço para perguntas, e seguiram para um almoço no local.
"Apesar de distantes na geografia, há meio século China e Brasil cultivam uma amizade estratégica, baseada em interesses compartilhados e visões de mundo próximas. A China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009. Em 2023, o comércio bilateral atingiu recorde histórico de US$ 157 bilhões. O superávit com a China é responsável por mais da metade do saldo comercial global brasileiro", destacou Lula em seu discurso na cerimônia de assinatura de acordos.
"O país também figura como uma das principais origens de investimentos no Brasil. Empresas chinesas vêm participando de licitações de projetos de infraestrutura e têm sido parceiras em empreendimentos como a construção de usinas hidrelétricas e ferrovias. Isso representa emprego, renda e sustentabilidade para o Brasil. Indústrias brasileiras também estão ampliando sua presença na China, como a WEG, a Suzano e a Randon. Ao mesmo tempo, o agronegócio continua a garantir a segurança alimentar chinesa. O Brasil é, desde 2017, o maior fornecedor de alimentos para a China", acrescentou o presidente.
A agenda de Xi Jinping em Brasília ocorre na sequência da participação dele na Cúpula de Líderes do G20, realizada no Rio de Janeiro e que foi encerrada na última terça-feira (19).
No fim da tarde, um jantar será servido ao chinês no Palácio Itamaraty, sede da diplomacia brasileira. Xi Jinping deve deixar o Brasil na manhã desta quinta-feira (21). A visita, segundo o governo brasileiro, é uma sequência da visita que Lula fez à China em abril de 2023 e também ocorre em celebração aos 50 anos das relações diplomáticas entre os dois países.
*Com informações da Ansa e Agência Brasil