Após 2 anos em busca de autorização da Anvisa, paciente Gaúcho recebe prótese inédita no país

Procedimento foi realizado no Hospital Moinhos de Vento em julho deste ano.

29 out 2024 - 15h54

Era noite de uma sexta-feira de junho de 2019 quando Luriane Minho, 28 anos à época, sentiu o coração acelerar abruptamente. A sensação de que o órgão "sairia pela boca" seria normal não fosse o fato de a administradora de empresas estar se preparando para dormir. A aceleração cardíaca incomum a levou até um posto de saúde de Capão da Canoa, município onde mora. Lá, ficou horas recebendo medicação para normalizar os batimentos e recebeu uma recomendação expressa: buscar um cardiologista para investigar o caso.

Foto: Imagem Ilustrativa / Divulgação/ HMV / Porto Alegre 24 horas

Na segunda-feira seguinte ao episódio, já no consultório médico, ouviu que o seu caso era suspeito de um problema congênito, a comunicação interatrial (CIA). A doença é caracterizada por uma anormalidade na estrutura do coração, na qual o paciente tem um "buraco" entre os átrios direito e esquerdo. Após uma série de exames, Luriane teve o diagnóstico de CIA confirmado. E mais: essa condição evoluiu para outra complicação, a hipertensão pulmonar.

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Naquele momento, a jovem sentiu ter recebido uma sentença de morte. Ela lembra que parou de se cuidar, não conseguia dormir, teve a menstruação interrompida em razão do estresse e deixou todos os planos para trás. "Sentia que eu poderia morrer a qualquer momento", relata.

Medicada para controlar a pressão alta no pulmão, Luriane viveu, entre 2019 e 2021, uma rotina de cateterismos para avaliar o quadro. Quando os medicamentos surtiram efeito, o médico cardiologista intervencionista João Manica, do Hospital Moinhos de Vento, sugeriu a colocação de uma prótese a fim de fechar o espaço entre os átrios. Após muito estudar o caso, o especialista em cardiopatias congênitas sugeriu a implantação de um dispositivo com fenestra (orifício), a mais indicada para a condição de Luriane. O impasse, no entanto, é que esse material não é autorizado no Brasil.

"Fomos à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) fazer uma solicitação. Ele é um dispositivo comprovado, porém, sem autorização aqui, o que exigiria o uso compassivo. Comecei o processo em 2021. Elaborei relatórios, termos de responsabilidade", descreve o médico.

Após uma longa jornada, tanto da paciente como do especialista, em busca da liberação, em janeiro deste ano, finalmente, a batalha teve um desfecho positivo: a Anvisa autorizou a importação da prótese que, nesses casos, precisa ser doada pelo fabricante.

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"Eu chorei quando soube. Tive um sentimento muito bom de ter uma expectativa de vida um pouco maior, de poder conseguir fazer planos", relata, emocionada, a paciente.

Alguns meses depois da liberação e da fabricação da prótese especialmente para Luriane, o procedimento pode ser realizado no começo de julho. "A cirurgia é rápida, estamos acostumados a fazê-la. O diferente é a prótese, que não existe no Brasil", explica Manica. Poucos dias após a implantação, Luriane já recebeu alta e foi para casa.

"A medicina cardiológica tem avançado em um ritmo exponencial, trazendo soluções personalizadas para as diversas condições clínicas. Esse foi o caso da Luriane que tinha uma doença cardíaca congênita frequente, mas, que para ser corrigida, precisava de uma prótese específica. A persistência da paciente e da equipe fizeram toda a diferença para o resultado positivo para ela", destaca a Chefe do Serviço de Cardiologia, Carisi Polanczyk.

Embora não possa se submeter a atividades que aumentem a frequência cardíaca e precise de acompanhamento médico regular, o dispositivo fez diferença na vida da paciente.

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"Minha expectativa é que a prótese me ajude tanto ao ponto que não precise mais tomar remédio - ou diminua a dosagem - para a hipertensão. Quero viajar, fazer coisas que antes eu não conseguia porque o meu corpo não aguentava", descreve Luriane.

Com a informação Hospital Moinhos de Vento.

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