Na tentativa de melhorar imagem, presidente lança medidas que incluem aumento do salário mínimo. Argentina vive turbulência nos mercados após sinalização de que governo deve ser derrotado por kirchneristas nas eleições.O presidente da Argentina, Mauricio Macri, anunciou nesta quarta-feira (14/08) uma série de medidas econômicas para tentar reverter sua desvantagem na disputa por um novo mandato e minimizar a reação do mercado, que reagiu mal ao resultado das eleições primárias no país.
No último domingo, a candidatura do liberal Macri ficou mais de 15 pontos percentuais abaixo da chapa composta por Alberto Fernández e pela ex-presidente Cristina Kirchner, que diante do resultado tem chance de vencer as eleições presidenciais de outubro já no primeiro turno.
Desde a derrota de Macri, o peso argentino despencou, o risco-país atingiu nível recorde e o índice Merval, o principal da Bolsa de Comércio de Buenos Aires, registrou uma queda de 37,93% na segunda-feira, um dos piores desempenhos de sua história.
O pacote econômico, segundo o presidente, trará "alívio" a 17 milhões de trabalhadores e também a pequenas e médias empresas. Macri disse que deu preferência à aprovação de reformas estruturais para ter uma economia de base sólida, e afirmou ter ouvido o recado dos argentinos nas urnas e resolvido atendê-los.
"As medidas que tomei e que vou compartilhar agora são porque os escutei. Escutei o que quiseram dizer no domingo", declarou o líder argentino.
Entre as medidas estão um aumento no salário mínimo, ainda sem especificar o novo valor; bônus salariais para funcionários públicos e da iniciativa privada; alívio da carga tributária para a classe média; uma moratória nas dívidas tributárias para pequenas e médias empresas; e o congelamento dos preços dos combustíveis por 90 dias.
No discurso para anunciar o plano, Macri deu poucos detalhes sobre como o pacote será financiado e deu bastante ênfase ao aspecto político de suas medidas. O presidente afirmou que fez uma autocrítica.
"Muitos argentinos, depois de um ano muito duro, disseram 'não posso mais'. Sentiram que o que lhes pedi foi muito difícil. E hoje estão cansados, irritados. Chegar ao fim do mês virou uma coisa impossível para muitos", disse Macri sobre a crise enfrentada pelo país.
O candidato à reeleição pela coalizão Juntos pela Mudança pediu que os argentinos se lembrem do trabalho feito pela sociedade nos últimos anos e não duvidem de que houve avanços importantes desde sua chegada ao poder em dezembro de 2015.
"Nestas últimas 48 horas ficou claro que a incerteza política causa muito prejuízo, e isso nos obriga a sermos responsáveis", destacou Macri, citando a turbulência no mercado financeiro após a vitória de seu principal opositor, Alberto Fernández, nas primárias.
Fernández, que obteve 47% dos votos no domingo, contra 32% de Macri, disse nesta quarta-feira que as medidas econômicas propostas pelo atual presidente chegaram tardiamente.
"Precisou que dois terços votassem contra para que ele se desse conta do que tinha feito na Argentina", criticou o candidato. Ele, contudo, admitiu: "Foi positivo que o presidente tenha se dado conta que aniquilou a capacidade de consumo dos argentinos e tenta reavivá-la, mas se trata de uma postura adotada por necessidade eleitoral e não por convicção."
JPS/efe/lusa
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