O presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o governador João Doria (PSDB) estiveram lado a lado nesta sexta-feira, 11, em São Paulo, na formatura do Curso de Formação de Sargentos da Polícia Militar de São Paulo.
É a primeira vez que os dois se encontram em um evento público desde as últimas declarações críticas de um contra o outro. Em seu discurso nesta sexta, Doria baixou o tom ao comentar sua relação com Bolsonaro. O tucano disse que o presidente é um "amigo dos brasileiros em São Paulo" e que sempre apoiará "boas ações do Brasil".
Ao ser anunciado no sistema de som do Anhembi, Bolsonaro foi aplaudido pelo público presente de cerca de 5 mil pessoas, de acordo com policiais militares. Doria foi vaiado ao chegar e ao discursar.
"Fiz questão de estar presente para mostrar que o Estado de São Paulo é parceiro das boas ações do Brasil. O que for positivo para o Brasil e para São Paulo, o governador estará ao lado. Em São Paulo, não fazemos oposição ao Brasil", disse Doria.
Ao discursar, Bolsonaro elogiou os policiais militares, criticou governos que o antecederam e, ao público, disse que as pessoas são "os únicos a quem deve obediência".
No começo do mês, o tucano disse que "nunca foi bolsonarista", apesar de ter utilizado o slogan "Bolsodoria" no segundo turno da eleição de 2018.
Na quinta, em visita ao Estado, o presidente alfinetou Doria e outros cotados para disputar a Presidência com ele em 2022. Em tom de brincadeira, Bolsonaro disse desejar que seus futuros adversários sejam "felizes".
A presença de Doria no evento era dúvida até esta sexta, quando o compromisso apareceu em sua agenda oficial. Aliados do presidente criticaram o governador. "O presidente é educado e o governador também. Protocolarmente, eles devem conversar. Mas com o Doria é como comprar um carro usado e dizer que nunca foi usado", disse o senador Major Olimpio (PSL).
"Bolsonaro está nesse momento se deslocando para a mesma formatura que o governador João Doria não iria e agora de última hora resolveu comparecer", escreveu o deputado estadual Gil Diniz (PSL) no Twitter pouco antes do evento.
Alberto Mendes Junior. Em seu discurso, Bolsonaro citou o tenente Alberto Mendes Junior, executado em 1970 na selva do Vale do Ribeira, em São Paulo, por um grupo de guerrilheiros da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) liderados pelo ex-capitão do Exército Carlos Lamarca.
"Também sou do Vale do Ribeira. Por lá passou o tenente Alberto Mendes Junior, herói do Brasil. Combatemos a esquerda que queria roubar nossa liberdade. Perderam."
O corpo do tenente só foi encontrado meses depois,com a prisão de um dos integrantes da VPR. Virou herói da PM, que nunca deixou passar em branco desde então os 10 de maio, data da morte de Mendes. Bolsonaro e Doria saíram do Anhembi sem falar com a imprensa.