Sueca se recusou a se sentar em voo prestes a decolar para impedir que afegão fosse deportado. Ação rendeu elogios, mas polícia adverte que ela pode ser multada e enfrentar até seis meses de prisão.Como todos os passageiros sabem, um avião não pode decolar até que todos os passageiros tenham se sentado e afivelado seus cintos de segurança. Na segunda-feira (23/07), uma ativista sueca subverteu a regra para realizar um protesto e impedir a deportação de um cidadão afegão de 52 anos durante um voo previsto para decolar de Gotemburgo.
A aeronave tinha como destino Istambul. De lá, o afegão seria transferido para outro avião com destino ao Afeganistão. Só que um grupo de ativistas suecos soube de antemão que um jovem afegão estaria no voo para ser deportado. Após uma vaquinha, compraram uma passagem e escolheram a estudante Elin Ersson para embarcar com o objetivo de protestar e impedir qualquer deportação.
Já dentro do avião, ela tentou localizar o jovem afegão, mas em vez disso se deparou com outro homem, mais velho, que estava sob a vigilância de um oficial de imigração. Ela ligou então seu telefone celular e passou a transmitir o protesto via vídeo no Facebook, falando em inglês. Durante 14 minutos, ela recusou vários pedidos da tripulação para se sentar ou deixar a aeronave e disse que só obedeceria quando o homem fosse retirado do avião.
No vídeo, ela disse que o homem provavelmente corria risco de vida no Afeganistão. Inicialmente, vários passageiros se mostraram frustrados com a atitude e reforçaram os pedidos da tripulação. Um passageiro, falando em inglês, chegou a tentar arrancar o celular da ativista.
Após alguns minutos, no entanto, outros passageiros passaram a apoiar a ativista e se juntaram ao protesto. A iniciativa acabou sendo bem-sucedida, e o afegão e oficial de imigração deixaram o avião após uma ordem do piloto. Pouco depois, ela foi retirada por seguranças.
Até esta quarta-feira, o vídeo de Ersson tinha registrado 2 milhões de visualizações. Ersson, de 21 anos, é uma estudante da Universidade de Gotemburgo que realizando um treinamento para se tornar assistente social. Ela se juntou há um ano a grupos que protestam contra a politica de deportações da Suécia.
Em 2015, mais de 160 mil pessoas - incluindo 35 mil - adolescentes chegaram ao país e solicitaram refúgio. A maior parte deles veio do Afeganistão. Apenas 28% conseguiram obter o status de refugiado.
Desde a onda migratória de 2015, o tema vem incendiando o debate político na Suécia. Em setembro, o país vai ser palco de eleições gerais, e o tema da imigração tem sido dominante na campanha eleitoral.
Vários países europeus consideram o Afeganistão um país "seguro" e não impõem restrições para a deportação, mas ativistas afirmam que a situação continua grave.
Punição
Ao longo do vídeo, Ersson afirmou que não havia feito nada de errado, mas autoridades suecas já sinalizaram que encaram a situação de maneira diferente.
A polícia apontou que passageiros que se recusam a obedecer ordens da tripulação quando já estão a bordo podem ser punidos com multas e até seis meses de prisão.
As autoridades também informaram que o afegão de 52 anos está sob custódia da polícia e que seu processo de deportação ainda vai ser executado, embora não tenha apontado quando isso deve ocorrer.
JPS/dpa/ots
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