Manifestantes foram à avenida Paulista neste domingo, 25, protestar em defesa da operação Lava Jato e pelo veto ao projeto de lei contra o abuso de autoridade aprovado pela Câmara. A manifestação foi convocada por grupos como Nas Ruas e Vem Pra Rua e reuniu um número bem menor de pessoas do que atos anteriores.
Em faixas e cartazes os manifestantes demonstraram apoio ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, que vem sofrendo desgaste no governo, e mandaram um recado direto ao presidente Jair Bolsonaro: "veta tudo".
Outros defenderam a indicação do procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Lava Jato, para a Procuradoria Geral da República. Dallagnol vem sendo alvo de críticas de alas do bolsonarismo depois de fazer críticas ao governo.
Do alto do carro de som do Vem Pra Rua, o empresário Rogerio Chequer, que concorreu ao governo de São Paulo pelo Novo, fez um alerta ao presidente.
"Existem alguns políticos que a gente torce para que mudem o Brasil que estão caindo nesta roubada. Bolsonaro não pode continuar se aproximando de (David) Alcolumbre (presidente do Senado, do DEM-AP) e do (Dias) Toffoli (presidente do Supremo Tribunal Federal)", disse Chequer, fundador do Vem Pra Rua.
Ele fez questão de ressaltar que falava em nome próprio e não do movimento e disse ver um descolamento de Bolsonaro em relação à pauta do combate à corrupção.
"As atitudes recentes indicam um descolamento. Há ingerências na Receita Federal, na Polícia Federal, no Coaf", disse Chequer.
Ao lado dele, Adelaide de Oliveira, coordenadora do Vem Pra Rua, disse que as palavras de Chequer refletiam a posição do movimento.
"Estamos vivendo o momento de maior ameaça ao combate à corrupção. Maior até do que em outros governos", disse o empresário.
"Maior do que no governo do PT", completou Adelaide.
Parlamentares da base do governo como o senador Major Olímpio (PSL-SP) e a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), discordaram da tese de que Bolsonaro está se descolando da Lava Jato. Olímpio disse que o foco da manifestação é o Congresso. "Vamos começar o veto (ao projeto contra o abuso de autoridade) no Senado. Já temos 33 senadores e vamos pedir que a votação seja nominal", disse ele. "Neste momento temos que dar força ao presidente Bolsonaro, aos 22 ministros e ao ministro Moro", completou.
Zambelli tirava selfies com fãs na avenida quando foi interpelada por um eleitor: "Carla, segure o Moro lá".
E respondeu: "isso não depende de mim".
Segundo ela, existe muito ruído provocado pela imprensa na relação entre Moro e Bolsonaro mas nenhum motivo real que dê margem às especulações sobre a fritura do ministro. A deputada disse que o presidente já sinalizou que vai vetar ao menos parcialmente o projeto e que também vai pedir votação nominal caso a Câmara tente derrubar o veto.
A grande maioria dos manifestantes, no entanto, era de eleitores de Bolsonaro que foram às ruas reiterar o apoio ao presidente.
Foram colocados cinco carros de som na Avenida Paulistas. Os que atraíram mais gente foram os do Vem Pra Rua e Nas Ruas. Os manifestantes se aglomeravam em torno dos carros e havia vários espaços sem pessoas entre eles. Segundo organizadores, o baixo comparecimento refletiu a falta de tempo para convocação do ato. Do carro patrocinado por grupos minoritários como Ativistas Independentes, São Paulo Conservador e Avança Brasil, discursos atacavam os grupos que faziam algum tipo de crítica a Bolsonaro.
O Movimento Brasil Livre (MBL), que vem se afastando de Bolsonaro, não participou da manifestação. Vários manifestantes pediram o impeachment de Dias Toffoli.
Cidades do interior também têm atos
As principais cidades do interior de São Paulo também registraram atos pedindo que o presidente Jair Bolsonaro vete a Lei de Abuso de Autoridade. Houve também manifestações em defesa da Lava Jato e ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Em Campinas, os participantes vestiram verde e amarelo e usaram um carro de som para criticar o Supremo. Um dos oradores defendeu a indicação de Deltan Dallagnol à Procuradoria-Geral da República. A mobilização foi feita pelo movimento Vem Pra Rua, através de redes sociais.
Em São José do Rio Preto, os manifestantes foram escoltados por uma viatura da Polícia Militar durante caminhada pela avenida 9 de Julho. Cartazes traziam os dizeres "Pacote anticrime Já" e "Fora STF". Os oradores defenderam o governo de Jair Bolsonaro. O ato foi convocado por grupos ligados ao movimento Direita São Paulo. O grupo se reuniu avenida Alberto Andaló, vestindo verde e amarelo e carregando cartazes. Uma faixa da avenida foi interditada. Durante os discursos, também houve a defesa do procurador Dallagnol.
Em São José dos Campos, um grupo fez caminhada pela avenida 9 de Julho em apoio à Lava Jato e pedindo "veto total" à Lei de Abuso de Autoridade.