RIO - Auditores fiscais e demais funcionários da Receita Federal e de outros órgãos no Rio de Janeiro participaram na manhã desta quarta-feira, 21, de um ato contra o que consideram tentativas de interferência no Fisco por parte dos três Poderes. Cerca de 150 manifestantes levaram à escadaria do prédio onde fica a superintendência da Receita, no centro da cidade, cartazes de repúdio aos acontecimentos recentes, que tiveram como auge a investida do presidente Jair Bolsonaro contra cargos da Receita no Rio.
"Os três Poderes parecem ter se conjurado para atacar a Receita Federal", afirmou o representante local do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais (Sindifisco), Alexandre Teixeira.
Os participantes ressaltaram a importância de se manter a independência da Receita, considerada essencial para que ela possa fiscalizar todos os cidadãos de maneira equivalente. É nesse contexto que as críticas se estendem para os outros Poderes. Na semana passada, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que a Receita estaria " muito poderosa" e precisaria se reestruturar. O discurso, segundo os auditores, dá margem para transformar o órgão numa autarquia e para indicações políticas.
O Judiciário também foi alvo de críticas por causa da decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu no início do mês investigações secretas contra 134 autoridades ou pessoas ligadas a elas por suposto desvio de finalidade. "A gente não vê onde está esse desvio de finalidade, não está provado. Se isso existe, não pode ser suposto, tem que ser provado ao final de uma investigação", disse Teixeira.
No âmbito local, os manifestantes criticaram a tentativa do presidente Jair Bolsonaro de alterar postos do órgão no Rio, como o do delegado da Alfândega do Porto de Itaguaí, José Alex Nóbrega de Oliveira. Ao resistir à ofensiva, o superintendente da Receita no Rio, Mário Dehon, também entrou na mira. Os dois permanecem no cargo.