Cartas em defesa da democracia são lidas em ato na USP
Video Player
Acadêmicos, empresários, juristas, artistas e representantes da sociedade civil marcaram forte posição democrática ao participarem da leitura do manifesto "Em Defesa da Democracia e da Justiça", realizada nesta quinta-feira, 11, na Faculdade de Direito da USP, em São Paulo. Os organizadores do evento estimam ter reunido cerca de 18 mil pessoas, que, além de recados às Forças Armadas, entoaram gritos de "Fora, Bolsonaro" e "Ditadura nunca mais" .
A carta, que reúne mais de 1 milhão de assinaturas, é uma reação aos seguidos ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o processo eleitoral brasileiro. O documento afirma que "a estabilidade democrática, o respeito ao Estado de Direito e o desenvolvimento são condições indispensáveis para o Brasil superar os seus principais desafios".
Veja a íntegra da leitura da Carta à Democracia na USP
Video Player
O manifesto durou cerca de duas horas e foi dividido em duas etapas. A primeira parte ocorreu, por volta das 10h, no salão nobre do prédio, com cerca de 800 convidados amontoados. O reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Júnior, abriu os discursos, relembrou os mortos que lutaram contra a repressão militar, e pediu respeito ao voto e ao sistema eleitoral.
"Nós da USP perdemos vidas preciosas durante o período de exceção. As cicatrizes ainda são visíveis, vidas que foram ceifadas pela repressão ao livre pensamento. Perdemos 47 pessoas que eram parte de nossa comunidade. Não esquecemos e não esqueceremos", disse Carlotti Júnior.
1 de 22
Ato em defesa da democracia e do sistema eleitoral em São Paulo
Foto: Felipe Rau
2 de 22
Ato em defesa da democracia e do sistema eleitoral em São Paulo
Foto: Felipe Rau
3 de 22
Ato em defesa da democracia e do sistema eleitoral em São Paulo
Foto: Felipe Rau
4 de 22
Ato em defesa da democracia e do sistema eleitoral em São Paulo
Foto: Kevin David
5 de 22
Ato em defesa da democracia e do sistema eleitoral em São Paulo
Foto: Kevin David
6 de 22
Ato em defesa da democracia e do sistema eleitoral em São Paulo
Foto: Leco Viana
7 de 22
Ato em defesa da democracia e do sistema eleitoral em Porto Alegre
Foto: Evandro Leal
8 de 22
Ato em defesa da democracia e do sistema eleitoral em Porto Alegre
Foto: Evandro Leal
9 de 22
Ato em defesa da democracia e do sistema eleitoral em Campinas
Foto: Denny Cesare
10 de 22
Ato em defesa da democracia e do sistema eleitoral em São Paulo
Foto: Suamy Beydoun
11 de 22
O jornalista Chico Pinheiro (e) e a cantora Daniela Mercury participam do ato em defesa da democracia realizado na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no Largo São Francisco, centro de São Paulo
Foto: BRUNO ESCOLASTICO/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
12 de 22
Manifestantes participam de ato em defesa da democracia em frente ao prédio da Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, no centro de São Paulo
Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO
13 de 22
Ato em defesa da democracia na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, no centro de São Paulo, nesta quinta-feira, 11 de agosto de 2022. Movimentos sociais e sindicais realizam atos em defesa da democracia e de eleições livres nesta quinta-feira, 11, em todo o País. Ao todo, mais de 65 manifestações são esperadas nas capitais e em algumas cidades do interior. Essas mobilizações têm como objetivo se somar à leitura pública da "Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito". O documento já havia recebido mais de 900 mil adesões até o início desta quinta e conta com a assinatura de juristas, intelectuais, artistas, centrais sindicais e empresários em defesa da democracia
Foto: KEVIN DAVID/A7 PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
14 de 22
Manifestantes participam de ato em defesa da democracia em frente ao prédio da Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, no centro de São Paulo
Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO
15 de 22
Ativista se fantasia de urna eletrônica durante ato em defesa da democracia na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, no centro de São Paulo
Foto: KEVIN DAVID/A7 PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
16 de 22
Manifestantes participam de ato em defesa da democracia em frente ao prédio da Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, no centro de São Paulo
Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO
17 de 22
Manifestantes participam de ato em defesa da democracia em frente ao prédio da Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, no centro de São Paulo
Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO
18 de 22
Atos pelo Brasil marcam leitura da carta em defesa da democracia e das eleições. Documento elaborado pela Faculdade de Direito da USP foi lido em Porto Alegre, às 11h, no campus central da UFRGS
Foto: OMAR DE OLIVEIRA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
19 de 22
Professores, estudantes e integrantes de movimentos sociais participam da leitura de carta à democracia, na Faculdade de Direito do Recife, no centro da cidade
Foto: JOãO CARLOS MAZELLA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
20 de 22
Manifestantes participam de ato em defesa da democracia na cidade do Recife, em Pernambuco
Foto: PAULO FONSECA/ONZEX PRESS E IMAGENS/ESTADÃO CONTEÚDO
21 de 22
Corpo docente da Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ) e diferentes associações realizam a leitura da "Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do estado democrático de direito" simultaneamente com diversas universidades do Rio de Janeiro e do Brasil
Foto: GABRIEL BASTOS MELLO/ONZEX PRESS E IMAGENS/ESTADÃO CONTEÚDO
22 de 22
Manifestante exibe bandeira do Brasil em ato em defesa da democracia na cidade do Recife, em Pernambuco
Foto: PAULO FONSECA/ONZEX PRESS E IMAGENS/ESTADÃO CONTEÚDO
Na mesa de abertura do ato solene também estiveram presentes Celso Campilongo, diretor da Faculdade de Direito da USP, Ana Elisa Bechara, professora associada da Faculdade de Direito da USP, Maria Arruda, diretora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP.
Ao longo do evento, diversos representantes de diferentes entidades fizeram a sustentação oral. "Às vezes nos esquecemos, e falo como economista, que as sociedades mais prósperas do planeta, aquelas onde reina a liberdade, a solidariedade, a prosperidade, são todas democracias", defendeu Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central.
Publicidade
Na ocasião também foi lido um manifesto subscrito por 107 entidades, que pede um processo eleitoral livre, tranquilo, sem fake news ou intimidações. O documento recebeu o apoio de entidades como a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ainda que apoiada apenas por 18 de seus mais de 100 filiados, a Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo, e a Anistia Internacional, entre outros.
"Este não é um manifesto partidário, mas é um momento solene, no qual as principais entidades da sociedade civil brasileira vêm celebrar o seu compromisso maior com a democracia e com o Estado de Direito, mas sobretudo, com a soberania popular, porque é esta que está sendo questionada de maneira vil neste momento", disse o advogado Oscar Vilhena Vieira, membro da Comissão Arns.
Leitura da carta com a presença de personalidades
Já a segunda parte do ato foi realizada nas arcadas da faculdade - o pátio interno - e contou com a presença de estudantes e diversos artistas, entre eles a cantora Daniela Mercury, a apresentadora Bela Gil, o comentarista Walter Casagrande, o escritor Marcelo Rubens Paiva, entre outros.
Na ocasião, foi a vez do reitor da SanFran, Celso Campilongo, discursar. Em recado às Forças Armadas, ele afirmou que "o estado democrático de direito significa observância do princípio da legalidade e respeito às lei, tudo o que não estão querendo fazer com o sistema eleitoral". Em seguida, defendeu o Tribunal Superior Eleitoral.
Publicidade
Às 12h30, as professoras Eunice de Jesus Prudente, Maria Paula Dallari Bucci e Ana Elisa Liberatore Bechara, além do ex-ministro Flavio Bierrenbach, leram a carta "Em Defesa da Democracia e da Justiça", em um ato que resgata momento histórico no regime militar.
Com a finalização do rito definido para o ato, estudantes puxaram o coro "fora, Bolsonaro", "ditadura nunca mais" e gritos em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
'Grito de basta'
O diretor da Faculdade de Direito, Celso Campilongo, avalia que o ato serviu para que as pessoas pudessem soltar o grito de "basta" que estava entalado. "Precisamos desarmar a sociedade brasileira desse estilo odioso, repugnante, de achar que os brasileiros são inimigos ou que existem os do bem e os do mal. Não, numa democracia, todo mundo tem que conviver. Só não há espaço pra aqueles que não querem a democracia", afirma em entrevista ao Terra.
Para o desembargador Alfredo Attié Jr., presidente da Academia Paulista de Direito e titular da Cadeira San Tiago Dantas, o regime que Bolsonaro representa é anticonstitucional desde o início, em 2018. O pesquisador e doutor em Filosofia pela USP cita a resistência do presidente em cumprir a Constituição, fazer as políticas públicas exigidas pela Carta Magna do país, além de cumprir deveres e respeitar os direitos.
Publicidade
"Ele ofende a população brasileira constantemente, sobretudo aqueles que são minorias - mulheres, LGBTs, negros, indígenas, as periferias. Isso já é uma ameaça grave ao nosso sistema democrático, sobretudo essa campanha aberta que ele tem feito, inclusive, com a convocação de embaixadores para dizer coisas que são mentirosas. É extremamente grave", acrescentou.
O jurista se refere à reunião convocada pelo presidente com diplomatas de outros países para desqualificar, sem apresentar provas, o sistema eleitoral brasileiro. Na avaliação de Campilongo, esse movimento de Bolsonaro foi "vexatório".
"Aquilo foi uma coisa de indignidade completa para com seu próprio país. É o chefe de Estado falando mal de seu país para embaixadores estrangeiros", analisa.
Presidenciáveis e candidatos às eleições de outubro assinaram a carta, exceto o presidente Jair Bolsonaro. O chefe do Executivo, inclusive, já debochou da iniciativa quando foi convidado a se tornar signatário do documento.
Publicidade
"Essa recusa é muito séria, porque a carta não traz nada de político-partidário. A carta é um respeito ao que a Constituição diz, e o presidente, quando assume, promete cumprir a Constituição. Ele ter recusado é uma coisa muito grave. A gente espera que as eleições apontem um caminho novo para o Brasil, sobretudo que o povo acorde, no sentido de que a democracia não depende de quem está no poder; depende de serem cumpridas as leis", reforça Attié Jr.
1 de 22
Ato em defesa da democracia e do sistema eleitoral em São Paulo
Foto: Felipe Rau
2 de 22
Ato em defesa da democracia e do sistema eleitoral em São Paulo
Foto: Felipe Rau
3 de 22
Ato em defesa da democracia e do sistema eleitoral em São Paulo
Foto: Felipe Rau
4 de 22
Ato em defesa da democracia e do sistema eleitoral em São Paulo
Foto: Kevin David
5 de 22
Ato em defesa da democracia e do sistema eleitoral em São Paulo
Foto: Kevin David
6 de 22
Ato em defesa da democracia e do sistema eleitoral em São Paulo
Foto: Leco Viana
7 de 22
Ato em defesa da democracia e do sistema eleitoral em Porto Alegre
Foto: Evandro Leal
8 de 22
Ato em defesa da democracia e do sistema eleitoral em Porto Alegre
Foto: Evandro Leal
9 de 22
Ato em defesa da democracia e do sistema eleitoral em Campinas
Foto: Denny Cesare
10 de 22
Ato em defesa da democracia e do sistema eleitoral em São Paulo
Foto: Suamy Beydoun
11 de 22
O jornalista Chico Pinheiro (e) e a cantora Daniela Mercury participam do ato em defesa da democracia realizado na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no Largo São Francisco, centro de São Paulo
Foto: BRUNO ESCOLASTICO/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
12 de 22
Manifestantes participam de ato em defesa da democracia em frente ao prédio da Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, no centro de São Paulo
Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO
13 de 22
Ato em defesa da democracia na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, no centro de São Paulo, nesta quinta-feira, 11 de agosto de 2022. Movimentos sociais e sindicais realizam atos em defesa da democracia e de eleições livres nesta quinta-feira, 11, em todo o País. Ao todo, mais de 65 manifestações são esperadas nas capitais e em algumas cidades do interior. Essas mobilizações têm como objetivo se somar à leitura pública da "Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito". O documento já havia recebido mais de 900 mil adesões até o início desta quinta e conta com a assinatura de juristas, intelectuais, artistas, centrais sindicais e empresários em defesa da democracia
Foto: KEVIN DAVID/A7 PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
14 de 22
Manifestantes participam de ato em defesa da democracia em frente ao prédio da Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, no centro de São Paulo
Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO
15 de 22
Ativista se fantasia de urna eletrônica durante ato em defesa da democracia na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, no centro de São Paulo
Foto: KEVIN DAVID/A7 PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
16 de 22
Manifestantes participam de ato em defesa da democracia em frente ao prédio da Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, no centro de São Paulo
Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO
17 de 22
Manifestantes participam de ato em defesa da democracia em frente ao prédio da Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, no centro de São Paulo
Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO
18 de 22
Atos pelo Brasil marcam leitura da carta em defesa da democracia e das eleições. Documento elaborado pela Faculdade de Direito da USP foi lido em Porto Alegre, às 11h, no campus central da UFRGS
Foto: OMAR DE OLIVEIRA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
19 de 22
Professores, estudantes e integrantes de movimentos sociais participam da leitura de carta à democracia, na Faculdade de Direito do Recife, no centro da cidade
Foto: JOãO CARLOS MAZELLA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
20 de 22
Manifestantes participam de ato em defesa da democracia na cidade do Recife, em Pernambuco
Foto: PAULO FONSECA/ONZEX PRESS E IMAGENS/ESTADÃO CONTEÚDO
21 de 22
Corpo docente da Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ) e diferentes associações realizam a leitura da "Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do estado democrático de direito" simultaneamente com diversas universidades do Rio de Janeiro e do Brasil
Foto: GABRIEL BASTOS MELLO/ONZEX PRESS E IMAGENS/ESTADÃO CONTEÚDO
22 de 22
Manifestante exibe bandeira do Brasil em ato em defesa da democracia na cidade do Recife, em Pernambuco
Foto: PAULO FONSECA/ONZEX PRESS E IMAGENS/ESTADÃO CONTEÚDO
Reação de Bolsonaro
O governo Jair Bolsonaro (PL) e a campanha à reeleição do presidente buscaram minimizar os atos em defesa da democracia pelo País nesta quinta-feira. O presidente, ministros e coordenadores de campanha traçaram a estratégia de colar a iniciativa à oposição e trataram o ato realizado na Faculdade de Direito da USP como algo menor. Bolsonaro optou, por enquanto, por ignorar o tema em público, depois de dizer que não assinaria a "cartinha".
"Hoje, aconteceu um ato muito importante em prol do Brasil e de grande relevância para o povo brasileiro: a Petrobrás reduziu, mais uma vez, o preço do diesel", escreveu o presidente nas redes sociais, após meses de alta nos combustíveis, que elevaram a inflação. "A redução representa queda de R$ 0,22 por litro. O presente mês acumula redução de R$ 0,42 por litro de diesel. Já estamos entre os países com o menor preço médio de combustíveis do mundo, no cenário atual", comparou Bolsonaro.
- Hoje, aconteceu um ato muito importante em prol do Brasil e de grande relevância para o povo brasileiro: a Petrobrás reduziu, mais uma vez, o preço do diesel.
Os bolsonaristas também defendem que a reação aos atos de hoje ocorrerá no Sete de Setembro, quando o presidente convocou seus militantes para irem às ruas "pela última vez" dar recados a "surdos de capa preta" - referência a ministros do Supremo Tribunal Federal.
Publicidade
Bolsonaro diz que ministros do STF são 'surdos de capa preta'