BC vê IPCA abaixo da meta em todos cenários até 2021

Coronavírus teve papel fundamental na queda das estimativas; BC aponta um IPCA em 2,6% neste ano e 3,2% no ano que vem

26 mar 2020 - 10h57
(atualizado às 11h20)

O Banco Central projetou inflação abaixo da meta em todos os seus cenários até 2021 e destacou que os desenvolvimentos relacionados à pandemia do coronavírus tiveram "papel fundamental" na queda das estimativas, com o mergulho no preço das commodities e perspectiva de fraqueza na economia anulando o impacto do dólar mais caro.

"De um lado, a depreciação acentuada da taxa de câmbio exerce pressões inflacionárias. De outro lado, a redução nos preços de commodities, com destaque para o preço do petróleo, exerce uma significativa pressão desinflacionária", disse o BC, em seu Relatório Trimestral de Inflação.

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Homem caminha em frente à sede do Banco Central em Brasília
29/10/2019
REUTERS/Adriano Machado
Homem caminha em frente à sede do Banco Central em Brasília 29/10/2019 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

"No mesmo sentido, a queda na atividade econômica global e o aumento da incerteza econômica afetam negativamente a demanda agregada, também exercendo papel desinflacionário", acrescentou.

Em todas as projeções condicionais divulgadas pelo BC nesta quinta-feira, 26, o IPCA termina 2020 e 2021 abaixo das metas de 4,0% e 3,75%, respectivamente. Nos dois casos, as metas têm margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.

Os números sugerem que um corte adicional da Selic, portanto, não ameaçaria o atingimento dos objetivos do BC.

No cenário com Selic e câmbio da pesquisa Focus, o cálculo do BC aponta um IPCA em 2,6% neste ano e 3,2% no ano que vem. Os cálculos consideram taxa de juros em 3,75% ao fim de 2020 e 5,25% em 2021, com dólar a 4,35 reais em 2020 e 4,20 em 2021.

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Mesmo considerando o dólar constante em 4,75 reais e a Selic da pesquisa Focus, a perspectiva para o IPCA continua abaixo da meta, ficando em 3,0% neste ano e 3,6% em 2021.

Em relação à condução da política monetária, o BC reiterou mensagem de que vê como adequada a manutenção da taxa Selic em seu novo patamar, de 3,75% ao ano, mas destacando que a maior variância de riscos e novas informações sobre a conjuntura econômica serão essenciais para definir seus próximos passos.

Diante do cenário negativo descortinado pelo coronavírus, o BC apontou que as projeções de curto prazo para a inflação foram significativamente influenciadas pelas cotações de commodities, em especial pela forte retração nos preços internacionais de petróleo, com reflexos rápidos sobre os preços domésticos de combustíveis.

"As implicações da pandemia sobre o segmento de serviços, notadamente sobre os preços de passagens aéreas, provavelmente irão se refletir nas leituras mensais de inflação, sobretudo a partir de maio", frisou a autoridade monetária.

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De acordo com o BC, as medidas de inflação subjacente --que desconsideram preços mais voláteis-- estão em níveis compatíveis com o cumprimento da meta de inflação no horizonte relevante para a política monetária.

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