O bebê de apenas 3 meses que precisou usar uma embalagem de bolo improvisada como máscara de oxigênio recebeu alta da UTI nesta quinta-feira (13). O caso ocorreu no Hospital Varela Santiago, em Natal, Rio Grande do Norte.
Inicialmente internado no sábado (8) no Hospital Municipal de Santa Cruz sob suspeita de bronquiolite, o pequeno paciente apresentava um quadro de desconforto respiratório grave, congestão nasal, febre, rinorreia, vômitos e diarreia.
Na segunda (11), diante da falta de equipamentos apropriados e da urgência do caso, a equipe do hospital improvisou um capacete de oxigênio usando uma embalagem de bolo. A medida não só destacou a escassez de recursos como também a capacidade de inovação dos profissionais para salvar vidas.
A solução emergencial foi suficiente para estabilizar o pequeno paciente até que um leito na UTI pediátrica em Natal se tornasse disponível.
Como foi a adaptação da máscara de oxigênio?
A coordenadora técnica da unidade, médica Silvana Braga, disse ao g1 que a situação exigiu uma resposta imediata para evitar consequências mais graves ao bebê.
Segundo a médica Ellenn Salviano, que elaborou o aparelho junto com sua equipe, a criança passou cerca de quatro horas com o equipamento, até a chegada de materiais emprestados de outro hospital da cidade. Ela afirmou que esse tipo de improviso é mais comum do que se imagina em unidades de saúde pública (via g1).
Ellenn trabalha na área médica há quase 9 anos, principalmente em hospitais públicos e no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
"Deu certo, que bom, mas poderia ter dado errado. E, se tivesse dado errado, seria agora uma mãe chorando a morte do seu filho. Por um equipamento tão simples que a gente não tem", afirmou ao Metrópoles.
Apesar do hospital no qual Ellenn trabalha não ser voltado ao público infantil, ela pede mais investimentos na área. Segundo a médica, um "hood" de acrílico custa cerca de R$ 500.
"Ali, estou nos meus braços com o amor de alguém. Quando saio de casa e deixo meus três filhos, assumo a responsabilidade que é cuidar do outro. Então eu não podia olhar para aquela mãe e dizer não podemos", disse a profissional ao g1.
Qual é a atual situação do bebê?
Silvana informou que o paciente permanece internado na enfermaria. Conforme a médica, ele tem mostrado uma melhora gradual no padrão respiratório, embora ainda necessite de suplementação de oxigênio via cateter nasal.
A mãe da criança, Kadja Juliane, relatou que o bebê está em uma condição de saúde frágil e estava bastante debilitado. Ele tem hidrocefalia, usa uma bolsa de colostomia e possui síndrome de Dandy-Walker, uma malformação cerebral que pode afetar o desenvolvimento motor e provocar um aumento progressivo da cabeça.
Sobre a bronquiolite
A bronquiolite é uma infecção pulmonar comum em bebês e crianças pequenas, provocada principalmente pelo vírus sincicial respiratório. Os sintomas incluem congestão nasal, febre, tosse, choro durante a respiração e, em casos mais graves, dificuldade respiratória que pode necessitar de hospitalização.
Por isso, é necessário observar os primeiros sinais e buscar atendimento médico imediatamente e manter a higiene rigorosa para evitar a propagação de vírus. Em casos de sintomas respiratórios graves, é recomendado procurar uma unidade de saúde.