Berlim proíbe manifestações anti-Israel e de apoio aos palestinos

10 out 2023 - 20h37
(atualizado em 11/10/2023 às 06h16)

Polícia da capital alemã alega preocupações de segurança para suspender manifestações. No fim de semana, ato em Berlim organizado por rede pró-palestina que celebrou massacre de israelenses gerou indignação na Alemanha.A polícia de Berlim anunciou nesta terça-feira (10/10) a proibição de um ato público anti-Israel e de apoio à causa palestina que estava programado para o dia seguinte. O motivo, segundo as autoridades da capital alemã, seriam preocupações em relação a possíveis "perigos para a segurança e para a ordem pública".

Manifestação reuniria simpatizantes pró-Palestina em Berlim
Manifestação reuniria simpatizantes pró-Palestina em Berlim
Foto: DW / Deutsche Welle

A manifestação, cuja concentração estava marcada para ocorrer na Praça Pariser, entre o Portão de Brandemburgo e a avenida Unter den Linden, reuniria apoiadores da Palestina que percorreriam um trajeto através do bairro de Neuköllln, onde se encontra uma importante comunidade muçulmana.

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A polícia informou que também estão proibidos quaisquer outros atos que venham a ser realizados em substituição ao que estava marcado para esta quarta-feira.

Segundo o informe divulgado na rede social X, antigo Twitter, a decisão de proibir a manifestação foi tomada tanto em razão da "situação atual no Oriente Médio" quanto pelos "acontecimentos no final de semana passado em Berlim".

A agência alemã de notícias DPA, informou que outras manifestações também foram proibidas por conterem slogans antissemitas e de incitação à violência.

No sábado passado, um ato realizado pela organização Samidoun reuniu centenas de pessoas, algumas das quais, comemoravam os ataques contra Israelperpetrados pelo Hamas, considerado um grupo terrorista na União Europeia (UE) e nos Estados Unidos.

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Exibindo bandeiras palestinas, membros do grupo entoaram cantos contra Israel e distribuíram doces para os participantes, reunidos na via Sonnenallee.

Inicialmente, a polícia pediu para que o grupo parasse de entoar cânticos de ódio contra Israel e de glorificação à violência. Após as ordens não serem obedecidas, mais de cem policiais começaram a intervir, efetuando detenções e dispersando a multidão. A situação escalou e houve confronto com a polícia. Mais cedo, jornalistas já haviam sido hostilizados por participantes da sinistra celebração.

Uma transmissão ao vivo da celebração foi publicada na conta do Instagram da Samidoun de Berlim, que organizou a manifestação. Após a polícia dispersar a manifestação pró-Hamas, a rede Samidoun reclamou da ação da polícia nas suas redes sociais. "A manifestação foi atacada pela polícia e vários manifestantes ficaram feridos. Esse fanatismo ao lidar com palestinos e apoiadores da causa palestina é um sinal claro de que a resistência na Palestina está deixando os ocupantes e seus apoiadores nervosos", disse o grupo.

Indignação com celebração de massacre

A celebração da chacina de israelenses na capital alemã provocou indignação no meio político alemão. O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, que classificou os ataques do grupo Hamas a Israel como "atos bárbaros", disse que não aceitará "que os ataques hediondos contra Israel sejam celebrados" nas ruas da Alemanha.

"O sofrimento, a destruição e a morte de tantas pessoas não podem ser motivo de alegria".

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Em reação ao episódio em Berlim, o deputado Dirk Wiese, do Partido Social-Democrata (SPD), a mesma legenda de Scholz, pediu medidas duras contra os apoiadores do Hamas na Alemanha. O grupo palestino é classificado como terrorista pela Alemanha.

"Qualquer solidariedade aqui na Alemanha com organizações terroristas como o Hamas ou o Hezbollah deve receber uma resposta dura e consistente usando todos os meios legais à nossa disposição, em particular a expulsão [da Alemanha] de acordo com a Seção 54, Parágrafo 1, No. 2 da Lei de Residência", disse Wiese ao jornal Rheinische Post.

O subprefeito de Neukölln, Martin Hikel, também condenou a celebração. "O fato de uma organização como Samidoun em Neukölln distribuir doces enquanto o terror cai sobre Israel é uma terrível glorificação de uma guerra horrível" Ele também pediu para que a rede seja banida.

O embaixador de Israel na Alemanha, Ron Prosor, também pediu que as autoridades alemãs tomem medidas duras contra rede Samidoun. Ele afirmou que a Samidoun é "um cavalo de Troia" que está abusando da democracia alemã. "O que são essas pessoas? São bárbaros", disse Prosor.

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As três legendas que formam a coalizão de governo da Alemanha - o Partido Social-Democrata (SPD) do chanceler federal Olaf Scholz, o Partido Liberal-Democrático e os Verdes - e a sigla conservadora de oposição União Democrata Cristã (CDU) cogitam tornar ilegal a rede Samidoun.

De acordo como Departamento de Proteção da Constituição em Berlim, a Samidoun foi fundada em 2011 por membros da Frente Popular para a Libertação da Palestina (PFLP), por sua vez um grupo fundado nos anos 1960 que mistura marxismo-leninismo e nacionalismo árabe e que décadas atrás estava entre os mais proeminentes grupos palestinos. A PFLP é classificada como terrorista pela Alemanha e outros países da União Europeia.

rc (EFE, DPA, AFP)

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