Billy Milligan: Quem foi o criminoso que tinha 24 personalidades?

O caso de Bolly Milligan foi pioneiro em usar o transtorno dissociativo de identidade como defesa no tribunal

19 set 2024 - 17h23

William Stanley Milligan, mais conhecido como Billy Milligan, nasceu em fevereiro de 1955 na Flórida. Após a trágica perda de seu pai por suicídio, Milligan e sua mãe mudaram-se para Ohio. Este homem, que mais tarde seria o foco de um dos casos judiciais mais polêmicos da década de 1970 nos Estados Unidos, teve uma vida repleta de eventos marcantes que culminaram em um diagnóstico inovador para a época.

O caso de Billy Milligan foi pioneiro em usar o transtorno dissociativo de identidade como defesa no tribunal
O caso de Billy Milligan foi pioneiro em usar o transtorno dissociativo de identidade como defesa no tribunal
Foto: Reprodução / Perfil Brasil

Billy Milligan foi preso aos 22 anos, acusado de vários crimes graves, incluindo estupro e assalto à mão armada. As provas contra ele eram inúmeras: uma das vítimas o identificou, suas impressões digitais foram encontradas, e ele violou condições de liberdade que o proibiam de portar armas. Como resultado, Milligan enfrentou acusações de quatro estupros, três sequestros e três roubos agravados. Mas a história não termina aí. Saiba mais sobre ele abaixo.

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Diagnóstico de Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI)

Antes de seu julgamento, Billy foi inicialmente diagnosticado com esquizofrenia grave. No entanto, após uma análise mais profunda, seu diagnóstico foi alterado para transtorno de personalidade múltipla, conhecido hoje como transtorno dissociativo de identidade. Segundo os médicos de defesa, Milligan desenvolveu essa condição devido ao abuso físico e sexual sofrido na infância pelas mãos de seu padrasto.

Milligan tornou-se o primeiro homem nos Estados Unidos a ser absolvido devido a um transtorno mental. Em 1977, ele foi enviado para tratamento obrigatório após alegar ter 24 personalidades diferentes. Cada uma dessas personalidades tinha suas próprias características e habilidades. Após anos de terapia, os médicos relataram que as 24 personalidades se fundiram em uma única.

Em 1983, Milligan concordou em pagar todos os custos de sua estada em hospitais psiquiátricos de Ohio, totalizando 450 mil  dólares. Ele foi liberado do hospital em 1988 e continuou o tratamento como paciente ambulatorial até sua alta final em agosto de 1991. Posteriormente, ele se mudou para a Califórnia, mas voltou para Ohio, onde passou seus últimos anos recebendo tratamento mental intermitente.

Quais eram as personalidades de Milligan?

Durante seu tratamento, as principais personalidades de Billy Milligan eram:

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  • Billy Milligan (William Stanley Milligan): A personalidade central.
  • Arthur: Inglês sofisticado, especialista em ciências e medicina.
  • Ragen Vadascovinich: O "guardião do ódio," responsável pela segurança em momentos perigosos.
  • Allen: Manipulador e vigarista, o mais comum para falar com o mundo exterior.
  • Tommy: Artista da fuga, especialista em eletrônica e pintura de paisagens.
  • Danny: Tinha medo dos homens e pintava naturezas mortas.
  • David: O "guardião da dor," aliviava o sofrimento dos outros.
  • Christene: Tinha dislexia, mas foi ensinada a ler e escrever por Arthur.
  • Christopher: Irmão de Christene, tocava gaita.
  • Adalana: Lésbica que cometeu os estupros sem o conhecimento de Milligan.

O caso de Milligan foi pioneiro em usar o transtorno dissociativo de identidade como defesa no tribunal. Após ser absolvido, ele passou cerca de 11 anos em hospitais psiquiátricos, durante os quais os médicos afirmaram ter fundido todas as personalidades em uma única chamada "O professor."

Morte de Billy Milligan

Milligan faleceu em 2014, e a notícia de sua morte foi divulgada em 16 de dezembro do mesmo ano. Ele morreu de câncer, pouco antes de completar 60 anos, em uma casa de repouso em Ohio. Sua vida e os eventos que o cercaram continuam sendo um estudo significativo para a psiquiatria e um exemplo de como o transtorno dissociativo de identidade pode afetar uma pessoa de maneira profunda e complexa. O caso foi tão marcante que inspirou a criação de uma série da Netflix, lançada em 2021, sobre a vida e os crimes de Milligan.

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