A cúpula das Forças Armadas foi avisada formalmente sobre o movimento convocado para 7 de setembro. Integrantes da organização do protesto fazem ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Congresso e se tornaram alvos, nesta sexta-feira, 20, de mandados de busca e apreensão determinados pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. A informação do alerta às Forças Armadas está em um dos vídeos de divulgação do ato, publicado no dia 12 de agosto, em canal no YouTube.
Na gravação, Bruno Henrique Semczeszm, um dos arrolados entre os 29 mandados de busca executados pela Polícia Federal, hoje, afirma que "uma equipe do movimento 7 de setembro entregou em Brasília um documento oficial informando os comandantes das três Forças Armadas sobre a realização do evento".
Em seguida, aparece Wilson Koressawa, em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, dizendo que protocolou os documentos para as três Forças. "Isso aqui é para demonstrar a seriedade do nosso trabalho", afirma.
Koressawa se apresenta como ex-juiz e ex-promotor de Justiça e já disputou ao menos três eleições para deputado distrital. Ele funciona como uma espécie de assessor jurídico do movimento e não foi alvo dos mandados do STF.
Em 2020, ele recebeu o apoio de ativistas do grupo "300 do Brasil" ao protocolar no Superior Tribunal Militar (STM) pedidos de prisão de vários governadores e de ministros do STF.
Bruno Henrique Semczeszm publica conteúdos de direita no Portal Brasil Livre, que está ligado à organização do evento em Brasília. Simpatizante da Sociedade de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, foi o responsável por traduzir uma entrevista de Beatrix Von Storch, deputada extremista da Alemanha, distribuída pelo grupo. No pedido ao STF, a Procuradoria-Geral da República classificou o militante como alguém do "núcleo ideológico" do movimento.
Na decisão em que ordenou a busca e apreensão em endereços ligados aos investigados, o ministro Alexandre de Moraes citou que um dos alvos, Marcos Antônio Pereira Gomes, o Zé Trovão, fala, em um vídeo de julho, em "fechar Brasília", "invadir o STF e o Congresso" e "partir para cima" do presidente e do relator da CPI da Covid para "resolver o problema do (aumento) dos combustíveis no Brasil".
O plano do movimento, que ganhou os holofotes na semana passada após a divulgação de vídeo e áudio protagonizados pelo cantor e ex-deputado Sérgio Reis, era acampar em Brasília até que seus pleitos fossem atendidos. Eles estruturavam locais para estacionar caminhões, fechar o trânsito na Esplanada dos Ministérios e até para montar uma cozinha comunitária. A decisão de Moraes proíbe os alvos de se aproximarem a menos de 1 quilômetro da Praça dos Três Poderes.
O Estadão perguntou ao Ministério da Defesa, ao Exército, à Marinha e a Aeronáutica quais foram as providências adotadas a partir da comunicação formal do movimento sobre a realização do ato. Não houve resposta até o momento.