BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro afirmou, neste sábado, 10, que quer um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) afinado com ele. O chefe do Planalto escolheu o desembargador Kassio Nunes Marques para a vaga do decano Celso de Mello na Corte. A indicação ainda precisa de aval do Senado Federal.
O STF é responsável por julgar autoridades com foro privilegiado, incluindo o presidente da República, se houver algum processo. Além disso, pode cair nas mãos do Supremo casos envolvendo aliados de Jair Bolsonaro. Ao justificar a escolha pelo desembargador, o que provocou reação de apoiadores, o presidente declarou que o escolhido precisaria "tomar tubaína" com ele.
"Eu não vou indicar um cara só pelo currículo, vai chegar lá, vai ser o dono de si...", disse Bolsonaro em uma transmissão ao vivo pelas redes sociais ao lado de uma apoiadora em Guarujá (SP). "Ele tem que ser independente, tudo bem, mas tem que ter essa afinidade comigo. E ele tem através da tubaína ou da Cola-Cola."
Conforme o Estadão mostrou, Bolsonaro se afastou de extremistas ligados a Olavo de Carvalho e lavajatistas para se aproximar de políticos do Centrão e dos ministros do Supremo contrários à operação tocada pelo ex-juiz Sérgio Moro, formando a "República da Tubaína". Neste sábado, o presidente declarou que tratou pessoalmente da indicação até Celso de Mello anunciar a aposentadoria. "Ninguém sabia de nada porque só eu tratei desse assunto."
Na transmissão, Bolsonaro afirmou que "tomar tubaína" se refere a alguém que tem afinidade com ele em assuntos como aborto, família, armamento, política externa, mercado e indígenas. Assim como havia feito nas redes sociais, Bolsonaro rebateu as críticas de que Kassio Marques teria um perfil oposto ao presidente com base em decisões do desembargador no Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região.
O indicado será sabatinado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado no dia 21 de outubro. O Senado precisa votar a indicação do presidente da República para oficializar a ida de Kassio Marques ao Supremo. O magistrado, nesse caso, depende de no mínimo 41 votos favoráveis entre os 81 senadores.