Bolsonaro: mais partidos que Temer, Dilma, Lula e FHC juntos

Primeiro presidente a deixar a sigla no meio do mandato, capitão da reserva acumula passagens por nove legendas

13 nov 2019 - 16h10
(atualizado em 16/11/2019 às 21h21)
O presidente Jair Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A saída do presidente Jair Bolsonaro do PSL para o ainda não criado Aliança pelo Brasil marcou a primeira vez que um presidente brasileiro mudou de sigla durante o mandato. No entanto, a troca de legenda está longe de ser uma novidade para o capitão da reserva, que irá para o nono partido em sua carreira política. Bolsonaro passou por mais siglas que os últimos quatro ex-presidente do País (Michel Temer, Dilma Roussef, Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso) somados.

Bolsonaro começou a carreira pública em 1989, quando se elegeu vereador do Rio de Janeiro pelo PCD. Dois anos depois, conseguiu uma vaga na Câmara dos Deputados, cargo que ocuparia até vencer as eleições para presidente. Ainda no primeiro mandato, em 1993, rumou para o PPR, onde passou dois anos antes de se filiar ao PPB. Oito anos depois, foi para o PTB, onde ficou mais dois anos. 

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Em 2005, chegou ao PFL, mas deixou a legenda no mesmo ano para filiar-se ao PP, sigla na qual permaneceu por mais tempo. Nove anos depois, em 2016, o capitão da reserva foi para o PSC, partido que até hoje abriga um de seus filhos, Carlos Bolsonaro. Sempre considerado do baixo clero do Congresso, Bolsonaro começou a ganhar popularidade e viu no até então nanico PSL uma oportunidade de ter um partido para comandar e se eleger presidente nas eleições de 2018. A estratégia deu certo, e a sigla passou a ser a segunda maior da Câmara por conta da onda bolsonarista.

No entanto, a lua de mel com as lideranças da legenda durou pouco. Primeiro, um desentendimento fez Gustavo Bebianno ser o primeiro ministro a ser demitido pelo presidente, ainda no segundo mês de governo. Depois, declarações contra o fundador do partido, Luciano Bivar, desencadearam uma crise dentro da base do governo. Antigos aliados como Joice Hasselmann e Major Olímpio passaram a criticar o presidente, que viu a situação como insustentável e optou por abandonar o PSL.

Agora, com o ainda não criado Aliança pelo Brasil, o presidente pretende criar uma sigla 100% alinhada com seus ideais. Pelo menos 30 parlamentares do PSL devem se juntar ao presidente, que também convidou membros de outros partidos conservadores para compor a nova legenda.

"Consolidando o novo rumo brasileiro e libertando definitivamente a pátria da destruição de valores cristãos e morais, anunciamos a criação do partido Aliança pelo Brasil. Com base sólida conservadora faremos do tsunami de 2018 uma onda permanente. Além de sigla partidária, consolidaremos a verdadeira união com povo, atuando em conjunto para mudar nosso amado Brasil", escreveu Eduardo Bolsonaro sobre o Aliança pelo Brasil. Ele e Flávio Bolsonaro acompanharão o pai na nova empreitada.

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As frequentes trocas de partido de Bolsonaro não são padrão para os presidentes do Brasil pós-democratização. Itamar Franco, com seis e Fernando Collor, com oito, são os chefes de estado com mais siglas no currículo. No entanto, Itamar acumulou cinco décadas de carreira pública, enquanto Collor deixou o cargo de presidente quando estava em seu quarto partido.

Somados, os últimos quatro presidentes do Brasil têm seis partidos. Relembre a trajetória política de cada um deles.

Temer

O ex-presidente Michel Temer
Foto: Elisa Kriezis/BBC / BBC News Brasil

Homem público desde o início dos anos 80, quando foi procurador-geral de São Paulo, Michel Temer foi eleito deputado federal pela primeira vez em 1987 e presidiu a Casa em duas oportunidades antes de se tornar vice-presidente na chapa de Dilma Roussef. Apesar da extensa carreira política, o ex-presidente jamais foi filiado a outro partido que não o PMDB (hoje MDB).

Dilma

A ex-presidente Dilma Rousseff
Foto: Renato Costa / Frame Photo / Estadão Conteúdo

Conhecida pela sua passagem pelo PT, que começou em 2001 e perdura até hoje, a ex-presidente Dilma Roussef foi filiada ao PDT entre 1980 e 2001. Apesar disso, jamais concorreu a nenhum cargo público pela sigla, ocupando apenas secretarias na prefeitura de Porto Alegre e, posteriormente, no estado do Rio Grande do Sul.

Lula 

O ex-presidente Lula
Foto: RD1

Atuante nas centrais sindicais, Luiz Inácio Lula da Silva foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, do qual jamais saiu. Pelo PT, foi eleito deputado federal nos anos 1987 antes de resolver concorrer ao cargo de presidente. Após perder para Collor em 1989 e duas vezes para FHC, conseguiu o cargo em 2003.

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FHC

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
Foto: Felix Lima/BBC News Brasil / BBC News Brasil

Fundador do PSDB em 1988, Fernando Henrique Cardoso passou 14 anos no MDB, partido pelo qual foi senador entre 1982 e 1983. Já como tucano, foi ministro das Relações Exteriores e Ministro da Fazenda durante o governo de Itamar Franco. Após a saída do antecessor, venceu as eleições para presidente.

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Fonte: Redação Terra
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