O presidente Jair Bolsonaro acionou o Ministério da Defesa para monitorar possíveis protestos no Brasil semelhantes aos que ocorrem atualmente no Chile. Se preciso, afirmou que o governo brasileiro vai acionar as Forças Armadas. Até o momento, confrontos entre policiais e manifestantes chilenos contrários ao governo de Sebastian Piñera, aliado de Bolsonaro, deixaram ao menos 15 mortos.
"Nós nos preparamos. Conversei com o ministro de Defesa (Fernando Azevedo) sobre a possibilidade de ter movimentos como tivemos no passado, parecidos como o que está acontecendo no Chile", disse o presidente nesta quarta-feira, 23, em seu último dia de viagem a Tóquio - no dia seguinte, ele embarca para Pequim, na China.
Segundo Bolsonaro, Azevedo informou os comandantes das Forças Armadas sobre as preocupações do governo. "A gente se prepara para usar o artigo 142 da Constituição Federal, que é pela manutenção da lei e da ordem, caso eles (integrantes das Forças Armadas) venham a ser convocados por um dos três Poderes", disse o presidente a jornalistas.
Bolsonaro voltou a destacar que está preocupado com conflitos que ocorrem em quase todos os países da América do Sul. Também reclamou mais uma vez de manifestações feitas pelo senador Humberto Costa (PT-CE) contra o governo.
"O último país em ebulição (da América do Sul) é o Chile e o senador Humberto Costa, apesar da estatura dele, um senador anão, não deixa de estimular as massas para o confronto", afirmou.
O presidente também repetiu que os integrantes do Foro de São Paulo, grupo criado por partidos de esquerda no início da década de 1990, poderiam estar por trás dos protestos. "A intenção deles é atacar os EUA e se auto-ajudarem para que seus partidos à esquerda tenham ascensão. Dinheiro nosso, brasileiro, do BNDES, irrigou essa forma de fazer política", disse.
Já nesta quarta-feira, 23, durante reunião com integrantes da comunidade brasileira no Japão, o ministro Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), demonstrou preocupação com a possibilidade de protestos na América do Sul resultarem no enfraquecimento dos movimentos de direita. Ele acusou a "esquerda radical" de estar por trás das manifestações para criar um ambiente de conturbação e tentar voltar ao poder.
"Na América do Sul estamos vivendo um momento difícil em que a esquerda radical, desesperada com a perda de poder, vai jogar todas as suas fichas na mesa para conturbar a vida dos países sul-americanos e tentar retornar ao poder de qualquer maneira e nos jogar no abismo que nós paramos na porta", afirmou o general.
Bolsonaro comenta compromisso internacional
Durante jantar oferecido pelo primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, Bolsonaro afirmou que teve dificuldades para se comunicar com outras autoridades em inglês, mas que conversou com a rainha da Holanda, Máxima Zorreguieta Cerruti, que é argentina, sobre o seu país.
"Comungamos da mesma preocupação, a gente espera que a Argentina escolha um presidente que esteja afinado, como estava conosco, em especial no livre-comércio, em defesa da democracia e da não interferência em outros países. É isso que estamos preocupados em quase todos os países da América do Sul", contou o presidente.
Ele disse que comeu apenas "5%" da comida oferecida no jantar de Shinzo Abe. "Não gosto da comida à base de peixe, se não for peixe frito ou ensopado", afirmou Bolsonaro, completando que trouxe macarrão instantâneo na bagagem do Brasil.