Justiça aceita denúncia contra diplomata por morte do marido, decreta prisão preventiva e determina inclusão na lista da Interpol. Hahn deixou o Brasil com destino à Alemanha. Promotores alemães abrem investigação.O cônsul alemão Uwe Herbert Hahn, acusado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) de matar o marido, embarcou neste domingo para a Alemanha, dois dias após ser solto em razão de um habeas corpus.
A 4ª Vara Criminal da Capital do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro aceitou a denúncia do MP por homicídio qualificado, apresentada nesta segunda-feira, decretou a prisão preventiva de Hahn e determinou o envio de um ofício à Polícia Federal inclusão do nome do diplomata na lista de procurados e foragidos da Interpol.
Segundo o portal de notícias G1, Hahn deixou o Rio na noite de domingo e chegou a Frankfurt na manhã desta segunda.
De acordo com a agência de notícias alemã DPA, o Ministério Público de Berlim informou nesta terça-feira (30/8) que abriu investigações sobre o suposto assassinato e que prepara um pedido formal para que as autoridades brasileiras enviem detalhes sobre o caso.
Questionado pela DW Brasil sobre o caso, o Ministério do Exterior alemão afirmou que a Embaixada do país em Brasília e o Consulado Geral no Rio de Janeiro estão em contato próximo com as autoridades brasileiras. A pasta afirmou que tomou conhecimento de que o cônsul alemão fora libertado da prisão preventiva e que isso ocorreu sem a imposição de medidas cautelares. Por razões de proteção da privacidade, no entanto, frisou não poder fornecer mais informações.
Hahn havia sido preso em 6 de agosto sob suspeita de assassinar o marido, o belga Walter Henri Maximilien Biot, com quem foi casado por 20 anos, e tentar encobrir o crime.
De acordo com a polícia, o diplomata afirmou que a vítima teria passado mal e sofrido uma queda. Contudo, uma análise do corpo e do imóvel em que o casal residia em Ipanema, bairro nobre da zona sul carioca, aponta que Biot teria sido espancado - ele teria sido incapaz de reagir por, segundo a denúncia da promotoria, estar alcoolizado e sob efeito de medicação para tratar ansiedade.
A peça de acusação apresentada à Justiça afirma ainda que Hahn nutria "abjeto sentimento de posse" pela vítima, "subjugando-a financeira e psicologicamente, e não admitindo que o ofendido tentasse estabelecer algum nível de independência do denunciado, seja economicamente, seja estabelecendo relações de amizade com outras pessoas".
Passaporte não foi apreendido
O alemão vinha até então sendo mantido em prisão preventiva, mas acabou solto na semana passada, em 26 de agosto, por decisão judicial que entendeu que o MP estava demorando demais para denunciá-lo à Justiça. Ele não teve o passaporte apreendido pelas autoridades brasileiras.
"A Polícia Civil fez todo o trabalho investigativo para prender e elucidar a autoria, mas a polícia depende do esforço de todos os órgãos para ele [Uwe] ser mantido preso, processado e julgado. Uma vez reconhecido o excesso de prazo, poderia ter sido retido o passaporte para dificultar a fuga", afirmou a delegada responsável pelo caso, Camila Lourenço, ao G1.
ra/lf (AFP, ABR, DPA, ots)