A advogada Catta Preta disse ter se sentido intimidada com a convocação para falar na CPI da Petrobras, e que renunciou à defesa de nove delatores da Operação Lava Jato “por zelar pela segurança da minha família, dos meus filhos”. Na entrevista dada ao Jornal Nacional nesta quinta-feira (30), ela afirmou ter abandonado a advocacia.
Catta disse que o delator Julio Camargo mudou seu depoimento sobre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) - primeiro o inocentando, e depois acusando-o de receber propina de R$ 5 milhões - por ter medo de retaliações. “Ele tinha medo de chegar ao presidente da Câmara”, falou. Segundo ela, a mudança de posição ocorreu pelo “fato de que um colaborador não pode omitir fatos, não pode mentir, o levaram então a assumir o risco”.
A resposta sobre se sentiu-se perseguida foi: “sem dúvida nenhuma”. Por quem? Pelos “integrantes da CPI, daqueles que votaram a favor da minha convocação”. Ela se esquivou, porém, sobre se o presidente da Câmara seria um dos que a intimidavam. Catta afirmou que as acusações de Julio Camargo contra Cunha vieram respaldadas por farta documentação e provas.
Ela disse nunca ter recebido ameaça direta: “não recebi ameaças diretas, mas elas vêm de forma velada. Elas vêm cifradas”. Por fim, negou ter recebido pagamento dos delatores pelo exterior. “O dinheiro foi todo recebido via transferência bancária, aqui no Brasil, ou depósitos em cheque, na conta do escritório, tudo mediante nota fiscal, impostos recolhidos”.
Todos os integrantes da CPI da Petrobras negaram que agem para intimidar a advogada. O advogado de Cunha, Antônio Fernando de Souza, disse que as declarações de Catta não fazem sentido e dão a impressão de "coisa montada".