Análise do grau de poluição de 111 rios brasileiros, divulgada nesta quinta-feira (19) pela organização não governamental (ONG) Sos Mata Atlântica, revela que 23,3% das águas é ruim ou péssima.
Para a legislação brasileira, as águas nessa situação não podem sequer receber tratamento para consumo humano ou ser usadas para irrigação de lavouras.
Os pesquisadores coletaram água em 301 pontos de rios e mananciais do Rio de Janeiro, de São Paulo, Brasília, Santa Catarina, Minas Gerais, do Rio Grande do Sul e Distrito Federal, entre março de 2014 e fevereiro de 2015.
De acordo com a pesquisa, em 21,6% dos pontos de coleta, a água foi considerada ruim, e em 1,7%, péssima. Em 186 pontos (61,8%), os pesquisadores encontraram água considerada regular e 45 pontos (15%) mostraram boa qualidade.
Nenhum dos rios analisados tem água totalmente limpa, segundo o levantamento. A classificação tem como base parâmetros do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
Em São Paulo, o número de pontos de coleta com qualidade ruim ou péssima caiu de 74,9% para 44,3% na comparação com o levantamento anterior, feito entre março de 2013 e fevereiro de 2014.
No mesmo período, o percentual de amostras com qualidade regular ou boa subiu de 25% para 55,4%.
A coordenadora da Rede das Águas da SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, explica que a seca no estado diminuiu o escoamento para os rios, o que protegeu os cursos d'água da poluição. “Com a seca, os pontos monitorados deixaram de receber resíduos sólidos ou lixo, sedimentos com solos contaminados, fuligem de veículos e materiais particulados”, disse.
No Rio de Janeiro, no entanto, a qualidade da água piorou em 2014/2015. O percentual de pontos com água de qualidade ruim subiu de 40% para 66,7% na comparação com o levantamento anterior.
A SOS Mata Atlântica atribui a poluição dos rios à falta de investimento em saneamento e tratamento de água, ao desmatamento e à perda da mata ciliar – vegetação nas margens de rios – desses cursos d'água. Para Malu, a qualidade das águas está diretamente ligada à crise hídrica que atinge diversas regiões do país.
“O problema não é falta de chuva, é que as águas que existem estão poluídas”, destacou.