O presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), apontou nesta quinta-feira a politização e a utilização eleitoral do apagão que atingiu o Amapá, e disse que o maior prejudicado no episódio foi seu irmão, Josiel, que concorre à prefeitura da capital do Estado, Macapá.
O senador, que conversou com autoridades do governo federal --incluindo o presidente Jair Bolsonaro, a quem pediu que avaliasse uma parcela extraordinária do auxílio emergencial a famílias do Estado-- negou ingerência na decisão da Justiça Eleitoral de adiar as eleições na capital que ocorreriam neste fim de semana.
"O maior atingido com esse apagão chama-se Josiel Alcolumbre, que ia ganhar a eleição no primeiro turno, que estava caminhando para ganhar em primeiro turno a eleição", disse o senador à rádio Diário FM, de Macapá, referindo-se a pesquisas anteriores ao blecaute.
Segundo ele, o irmão ainda lidera as pesquisas, mas sua candidatura sofreu os efeitos da crise no Estado.
"Então, se tem alguém que foi prejudicado desde o dia do acontecimento, chama-se o candidato Josiel, porque está sendo agredido por todos os candidatos, aqueles mesmos que alguns dias atrás pediram o adiamento das eleições", afirmou Alcolumbre.
Ao enfatizar que o problema ocorreu em uma empresa privada, o parlamentar voltou a defender uma revisão nessa concessão e argumentou que parte da energia no Estado só pode ser retomada devido à Eletronorte, uma empresa estatal. Cobrou, ainda, que os culpados sejam punidos caso o apagão tenha ocorrido de maneira criminosa, ou por "sabotagem".
Desde o dia 3 sem fornecimento de energia regular, após um incêndio na subestação de energia do Estado, a população do Amapá vive clima tenso, com protestos e alta no preço de itens básicos, às vésperas das eleições municipais.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, decidiu adiar a realização da eleição municipal em Macapá até que o restabelecimento da energia elétrica no Estado seja completo.
Alcolumbre lembrou, na entrevista, que a decisão foi tomada a pedido do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que manteve conversas com a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o Exército, a Polícia Federal e Ministério Público Federal. Autoridades fizeram um alerta para tumulto social e aumento da criminalidade.
Sobre o pedido feito a Bolsonaro para uma parcela extra a famílias do Amapá que já receberam o auxílio emergencial, Alcolumbre afirmou que o presidente "naturalmente vai estudar tecnicamente dentro do governo se há mecanismos, se há um entendimento jurídico que possa fazer com que aqueles que receberam o auxílio emergencial no Amapá possam receber de forma extraordinária, excepcional, mais uma vez o auxílio".