Políticos aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defenderam que simpatizantes do petista permanecessem em vigília após o petista não se entregar à Polícia Federal no prazo estipulado pelo juiz federal Sérgio Moro na véspera, e afirmam não considerar o ato um desrespeito à Constituição.
Lula teria que se entregar à PF até as 17h desta sexta, mas permaneceu no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. Ele, no entanto, não discursou aos milhares de apoiadores que fizeram ato em favor dele na frente do local.
Muitos políticos falaram em cima de um carro de som colocado na frente do sindicato.
"Moro está se achando demais. Não é pelo fato de Lula não ter ido (para Curitiba) que isso se constitui algum tipo de ilegalidade. Lula não está escondido, o Brasil todo sabe onde ele está", disse o líder do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Pimenta, provocando gritos da multidão.
"A forma de demonstrar compromisso com Lula e com o Brasil é permanecermos aqui, é chamarmos companheiros e companheiras para fazermos uma grande vigília."
Não foram apenas políticos do PT que discursaram em favor de Lula. Os pré-candidatos de PSOL e PCdoB à Presidência da República, Guilherme Boulos e Manuela D'ávila, fizeram discursos inflamados.
"São Bernardo do Campo é a capital da resistência democrática. Já foi dito aqui, não estamos descumprindo ordem de ninguém, até porque, se alguém rasgou a Constituição deste país foi quem condenou sem prova", disse Boulos.
Lula foi condenado e 12 anos e 1 mês por ter recebido um apartamento tríplex da empreiteira OAS como pagamento de propina em troca de contratos na Petrobras.
O petista nega ser dono do imóvel, assim como quaisquer irregularidades. Lula, que é réu em outros seis processos, afirma ser alvo de uma perseguição política promovida por setores do Ministério Público, do Judiciário e da Polícia Federal com o objetivo de impedi-lo de ser candidato.
"Vamos permanecer em vigília. Nós precisamos ficar unidos, nossa luta é pelo Brasil", disse Manuela.
Os líderes na Câmara do PCdoB, Orlando Silva (SP), e do PSOL, Ivan Valente, e a deputadas e Luiza Erundina (PSOL-SP) foram bastante aplaudidos em seus discursos.
"Nunca foi fácil, aqui neste sindicato se rompeu com o regime autoritário no Brasil. Nós estamos resistindo junto com Lula", disse Orlando Silva.