Alunos da UFRJ ocupam reitoria e cobram salários atrasados

Entre exigências, estão o pagamento de salários dos prestadores de serviço terceirizados e também melhorias na assistência estudantil

15 mai 2015 - 14h52
(atualizado às 14h56)
Protesto é contra o PL da terceirização e os cortes do governo na educação
Protesto é contra o PL da terceirização e os cortes do governo na educação
Foto: Jose Lucena / Futura Press

Estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) ocupam desde quinta-feira (14) o prédio da reitoria da universidade. Eles exigem o pagamento de salários dos prestadores de serviço terceirizados e também cobram melhorias na assistência estudantil. Os alunos ocuparam o prédio após uma assembleia realizada na tarde de quinta-feira e passaram a noite na reitoria, onde permanecem aguardando respostas de suas pautas.

Membro do Diretório Central Estudantil (DCE) da universidade, Raphael de Almeida destacou que a discussão vai além da continuidade ou não das aulas. "O que debatemos é que a UFRJ, a maior universidade federal do país, não pode ser conivente com trabalho análogo à escravidão." Terceirizados da universidade têm recebido salários atrasados desde o início do ano. A Associação dos Trabalhadores Terceirizados da UFRJ afirma que os trabalhadores sofrem pressão para trabalhar, mesmo sem receber salários e benefícios.

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Vice-presidenta da associação, Terezinha da Costa afirmou que foi obrigada a assinar aviso prévio na empresa Qualitécnica, onde trabalha como auxiliar de serviços gerais. "Me mandaram embora para desestabilizar, porque sou líder do movimento". Segundo ela, os atrasos no pagamento e salários incompletos têm causado sofrimento aos trabalhadores.

"Nossos colegas estão passando fome, sendo despejados e humilhados. Na comunidade não tem isso de apenas desocupar. Eles têm maneiras diferentes de cobrar o aluguel. Muitas vezes, até ameaçam". A Agência Brasil não conseguiu entrar em contato com a empresa Qualitécnica.

Ontem à noite, o reitor da UFRJ, Carlos Levi, se reuniu com uma comissão dos alunos que ocuparam a reitoria para discutir as reivindicações. De acordo com a universidade, depois de quase cinco horas de discussão, ficou acertada uma nova reunião com responsáveis das áreas financeira, de gestão e governança, além do reitor eleito, Roberto Leher.

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Faixas e cartazes na fachada do Instituto de Filosofia e Ciência Sociais (IFCS) da UFRJ
Foto: Jose Lucena / Futura Press

Hoje (15) à tarde, estudantes e decanos da universidade decidirão o que fazer caso a situação dos terceirizados não seja normalizada. Segundo a UFRJ, as medidas podem incluir a paralisação da UFRJ na segunda-feira (18) e recorrer ao Ministério Público do Trabalho.

No encontro de ontem também ficou decidida a realização de um censo sobre os moradores da Residência Estudantil, adoção de medidas para agilizar a implantação de novos bandejões e análises sobre alternativas de alimentação em lugares onde não há restaurantes. Os estudantes cobram o funcionamento de bandejões nos campi Praia Vermelha, centro, Xerém, Maricá e Macaé. 

Diretora de comunicação do DCE e aluna de letras, Luiza Foltran acredita que a perspectiva é que na segunda-feira as aulas sejam suspensas "Não queremos ficar sem aulas, mas, para nós, é inadmissível ter aula com essa situação de trabalho escravo na universidade. Caso seja definido que não é possível resolver a situação dos terceirizados hoje, e esse é um indicativo com o qual contamos, depois da reunião das 16h faremos uma nova assembleia para decidir com os estudantes quais serão os próximos passos."

Por meio de nota publicada em seu site, a UFRJ esclareceu que está se empenhando para realizar os pagamentos, mas que, nos primeiros cinco meses de 2015, recebeu repasses de R$ 85 milhões, quando as parcelas deveriam ter somado R$ 131 milhões. Na nota, a direção da universidade informou que a liberação plena do Orçamento de 2015 está prevista para o dia 22, o que deve "atenuar as atuais restrições".

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O Ministério da Educação (MEC) explicou que o repasse de um dezoito avos do orçamento nos primeiros dois meses do ano (em vez de um doze avos) deixou restos a pagar nas universidades. Para equacionar a diferença, o ministério depende de autorização do Tesouro Nacional. De acordo com o MEC, não haverá cortes no custeio das universidades federais.

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Agência Brasil
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