Andrade Gutierrez admite suborno e deve ter multa de R$ 1 bi

27 nov 2015 - 20h26
(atualizado às 20h41)
Estádio Maracanã, no Rio
Estádio Maracanã, no Rio
Foto: Erica Ramalho / Divulgação

A empreiteira Andrade Gutierrez fechou um acordo de delação e leniência com a Procuradoria-Geral da República no qual vai admitir que pagou propina em obras de quatro estádios da Copa do Mundo e da Petrobras, além de projetos como da usina nuclear Angra 3, ferrovia Norte-Sul e da hidrelétrica Belo Monte.

O acordo, relatado pelo jornal Folha de S. Paulo nesta sexta-feira (27/11) e que inclui leniência (Andrade Gutierrez) e delação (do presidente da empreiteira Otávio Azevedo), prevê pagamento de R$ 1 bilhão como compensação por prejuízos decorrentes de corrupção em contratos com o governo.

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Segundo a Folha de S. Paulo, a empresa deverá acrescentar novos detalhes em histórias dos subornos já relatadas por delatores como Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras.

Já o diário Estado de São Paulo afirmou que Azevedo citará em sua delação nomes de autoridades que teriam recebido propina para que a Andrade Gutierrez pudesse fechar contratos com a Petrobas. Entre essas autoridades estão ao menos dois senadores, cravou a reportagem.

O Ministério Público Federal (MPF) teve duas dificuldades para fechar o acordo: o valor da multa a ser paga e a necessidade de Azevedo, um dos três executivos da empresa que estava preso, confessar crimes que ele negava ter cometido.

Estádio Mané Garrincha, na capital do Brasil
Foto: Friedemann Vogel / Getty Images

Ainda de acordo com a Folha de S. Paulo, a Andrade Gutierrez foi acusada junto à Odebrecht de pagar R$ 632 milhões em suborno em contratos com a Petrobras. Os valores eram pagos para que agentes públicos não dificultassem os acertos feitos pelas construtoras.

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De acordo com informações do diário, os delatores relataram que as empresas escolhiam as obras que queriam fazer por conta de experiência no tipo de trabalho, valor do contrato ou porte da obra. Até então, a maior indenização já paga na Operação Lava Jato foi da empreiteira concorrente Camargo Corrêa, no valor de R$ 800 milhões.

Com o acordo, que deverá trazer alguns benefícios para a empresa e seus executivos, a empreiteira quer se livrar de ser proibida de celebrar contratos com o poder público – uma das consequências de quando o governo declara a empresa inidônea. Segundo o jornal, a construtora é muito dependente do poder público, já que metade de sua receita vem de obras contratadas pelo governo.

O valor da multa vai ressarcir as empresas que foram prejudicadas por acertos do cartel que atua em obras públicas. A Andrade Gutierrez fez obras sozinha ou em parceria, por exemplo, da reforma do estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro; do Mané Garrincha, em Brasília; do Beira-Rio, em Porto Alegre, e na construção da Arena Amazonas, em Manaus. Já na Petrobras, a empresa tocou obras como do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre
Foto: Divulgação/Internacional / AG
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