A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou nesta quarta-feira que está em contato com o laboratório britânico AstraZeneca para ter acesso à totalidade das informações sobre o evento adverso que levou a empresa a suspender os testes de sua candidata a vacina contra a Covid-19, e confirmou que não há relato de problemas entre os voluntários brasileiros do ensaio clínico.
"No Brasil, não há relato de eventos adversos graves em voluntários. A Anvisa já está em contato com o laboratório AstraZeneca para o acesso à totalidade das informações e interlocução com outras autoridades de medicamentos no mundo", disse a Anvisa em nota, atualizando comunicado divulgado logo após o anúncio da AstraZeneca na véspera.
A agência disse que foi informada pelo laboratório sobre a suspensão uma vez que o Brasil é um dos países que participam do estudo global, e acrescentou que o objetivo da interrupção é verificar se, de fato, o efeito inesperado encontrado em um voluntário no Reino Unido tem relação com a vacina aplicada.
A vacina desenvolvida pela AstraZeneca, em parceira com a Universidade de Oxford, do Reino Unido, é tida pelo governo brasileiro como uma das principais apostas para a imunização contra o Covid-19 no país.
O Brasil, por meio do Ministério da Saúde e da Fundação Oswaldo Cruz, assinou um memorando de entendimento com a AstraZeneca que prevê a compra de 30 milhões de doses da vacina, com entrega em dezembro deste ano e janeiro do ano que vem, e a possibilidade de aquisição de mais 70 milhões se a vacina tiver eficácia e segurança comprovadas.
Além disso, o acordo inicial prevê a transferência da tecnologia para produção local na Fiocruz, com previsão do ministério de início ainda no primeiro semestre de 2021 --o que foi colocado em dúvida por especialistas ouvidos pelas Reuters devido à complexidade do processo de transferência de tecnologia.