Apoiadores de Bolsonaro ocupam Avenida Paulista em clima de Copa do Mundo

Sete caminhões de som agitavam bolsonaristas, que gritavam palavras de apoio ao presidente e de ódio ao ex-presidente Lula (PT)

7 set 2022 - 16h35
(atualizado às 17h47)
Movimentos de direita organizam atos na Avenida Paulista, região central da cidade de São Paulo, em comemoração ao 7 de Setembro, data da Independência do Brasil, nesta quarta-feira, 7
Movimentos de direita organizam atos na Avenida Paulista, região central da cidade de São Paulo, em comemoração ao 7 de Setembro, data da Independência do Brasil, nesta quarta-feira, 7
Foto: SUAMY BEYDOUN / Estadão

Em clima de Copa do Mundo, com camisetas da seleção de futebol e muitas bandeiras do Brasil, diversos grupos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) ocuparam a Avenida Paulista, em São Paulo, em quase sua totalidade, do seu final, perto da Rua da Consolação, até o número 900, onde está o prédio da TV Gazeta. Nesse percurso, estavam sete caminhões de som, com apoiadores utilizando os microfones para gritar palavras de simpatia a Bolsonaro e de ódio a Luiz Inácio Lula da Silva, o candidato do PT ao Palácio do Planalto.

"Fora jornalistas, fora comunistas, fora jornalistas...", destacava uma pessoa no caminhão de som em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). Não muito distante dali, num outro ponto de concentração com microfone e alto-falantes, um advogado, que não se identificou, falava que "a Constituição de 1988 é socialista e Pedro de Orleans foi o único deputado federal que defendeu" uma Carta Magna "verdadeira para este País".

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Muitos seguravam cartazes contra Lula, com dizeres como "Lula ladrão", ou em defesa das quatro cores da Bandeira Nacional, ao afirmar que ela "nunca será vermelha", pois ela segue o "Data Povo".

Enquanto um caminhão de som perto do Conjunto Nacional anunciava que "Eduardo Bolsonaro e o astronauta Marcos Pontes estão confirmados" para participar do ato na Avenida Paulista, um outro locutor perto do prédio da TV Gazeta afirmava, com voz rouca e inflamada: "Não é porque instituições legais têm opinião, que nós vamos obedecê-las", uma referência indireta ao Supremo Tribunal Federal, com quem o presidente Bolsonaro tem uma atribulada relação de comunicação. "Todo poder emana do povo, pois o povo está acima de tudo", complementou.

Raras eram as pessoas que usavam máscaras para proteção do rosto, o que também acontecia com policiais militares. Apesar de um pouco de apreensão no olhar de muitos simpatizantes de Bolsonaro que estavam na Avenida Paulista, havia um clima de paz e até de festa, celebrado por músicas do Legião Urbana e As Frenéticas.

Dicursos religiosos e contra STF predominam

Frases bíblicas, menções a Deus e sermões religiosos predominam nos discursos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) em ato na Avenida Paulista. "Deus está conosco. Deus está com o povo e com o presidente Bolsonaro", disse um pastor em um dos caminhões de som espalhados pela avenida. "Supremo é Deus. O poder emana de Deus", disse outra liderança sobre caminhão, após repetir o lema do presidente "Brasil acima de tudo e Deus acima de todos".

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O principal alvo das falas é o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Presentes entoam gritos de "fora Xandão" e "abaixo ditadura do STF". Reiteradas vezes os ministros do STF são classificados pelos candidatos a deputados e demais lideranças que estão nos caminhões como "cachorros" que não respeitam a democracia e a Constituição.

Faixas também pedem o impeachment do STF e a intervenção das Forças Armadas.

Ato é "nota promissória"

O candidato do Republicanos ao governo de São Paulo e aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), Tarcísio de Freitas, agradeceu a presença da população nos atos convocados pelo governo neste 7 de setembro. De acordo com o candidato, a manifestação era uma "nota promissória" da população em favor da sua candidatura.

"Nosso País vai dar certo, porque ele tem vocês, cada um de vocês", disse Tarcísio à plateia na paulista.

"Vocês não aceitaram fazer parte da geração perdida, vocês são a geração da transformação, do Brasil grande, do Brasil contente", disse, ao encerrar sua participação no ato.

Manifestações no Rio de Janeiro

O ato no Rio de Janeiro reuniu bolsonaristas na Orla de Copacabana, na tarde desta quarta-feira, 7, em torno da presença do presidente Jair Bolsonaro. O candidato à reeleição chegou por volta das 15h para a cerimônia em comemoração ao Bicentenário da Independência na capital fluminense.

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Bolsonaro participou de uma motociata pelas ruas da cidade e discursou em um caminhão de som ao lado de apoiadores. O segundo discurso do dia do candidato à reeleição foi semelhante ao feito em Brasília, durante a manhã. Mas Bolsonaro ainda chamou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de "quadrilheiro" e disse que ele deve ser "extirpado da vida pública".

Com discurso eleitoral, Bolsonaro ataca Lula em Copacabana
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Ao citar Lula de forma indireta, Bolsonaro procurou relacioná-lo a ditaduras de esquerda da América Latina, como Venezuela, Cuba e Nicarágua.

"O que todos esses chefes de Estado têm em comum? São amigos do quadrilheiro de nove dedos que disputa a eleição no Brasil. Esse tipo de gente tem de ser extirpado da vida pública", afirmou, em referência a Lula.

Para os apoiadores que lotavam a orla, Bolsonaro ainda defendeu empresários investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e voltou a dizer que, caso reeleito, "todos terão de agir dentro das quatro linhas da Constituição".

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