O empresário Gércio Mendonça Júnior, preso pela Polícia Federal na primeira fase da Operação Ararath e beneficiado com a delação premiada, confirmou as negociações financeiras ilegais feitas entre ele e vários políticos de alto escalão em Mato Grosso em um longo depoimento de cerca de 6 horas na Justiça Federal nessa quinta-feira. A Ararath investiga crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro.
“Ele só ratificou o termo, foi ouvido, foi questionado e tudo que foi perguntado ele respondeu”, resumiu o advogado dele Huendel Rolim. “Ele não será mais ouvido neste processo”.
O ex-secretário de Estado de Fazenda, Éder Moraes, que desde 20 de maio está preso na Penitenciária Central da Papuda, em Brasília, é réu nessa ação, conduzida pelo juiz Jeferson Schneider, da 5ª Vara Federal de Mato Grosso. Moraes é acusado de ser o articulador do esquema. Também são réus na ação a esposa de Moraes, Laura Tereza da Costa Dias, e o ex-secretário adjunto da Fazenda, Vivaldo Lopes, além do gerente do BicBanco em Cuiabá, Luiz Carlos Cuzziol, que também foi preso no dia 20 de maio. Cuzziol responde o processo em liberdade.
Mendonça Júnior já havia prestado depoimento quando obteve a delação premiada. Na ocasião, explicou como o esquema funcionava, revelando nomes. Ele citou, e agora reafirma, que, por intermédio de Éder Moraes, políticos pediam empréstimos de alto valor junto ao BicBanco, depositados, sem o devido conhecimento do Banco Central, principalmente na empresa dele, Amazônia Petróleo, que é do ramo de combustíveis.
O advogado de Éder Moraes, Paulo Lessa, disse, ao final do depoimento, que o delator em nada contribuiu com a defesa de seu cliente. “Ele elucidou sim, mas dentro daquilo que ele já tinha falado. Não fez acusações, mas descreveu fatos que envolviam o Éder no contexto das factorings”.
Éder também prestaria depoimento, mas como o interrogatório demorou muito, foi adiado para 24 de julho. Nessa data, ele ainda deve estar preso. Conforme o advogado Lessa, há pedidos de relaxamento de prisão “em instâncias superiores”. Porém, o Supremo Tribunal Federal (STF) entrou em recesso no dia 1 e só volta a funcionar em agosto. A soltura só sai antes disso se um juiz plantonista apreciar e acolher o pedido de liberdade. Em seu favor, Éder Moraes vai contar com seis testemunhas.
Inocentado
O depoimento de Júnior Mendonça beneficiou o ex-secretário adjunto da Fazenda, Vivaldo Lopes. Conforme o advogado dele, Ulisses Rabaneda, o réu assegurou que os depósitos reivindicados por Lopes eram para sanar a vida financeira do Mixto Esporte Clube. Lopes era dirigente do Mixto. “Ele demonstrou que os depósitos foram legais”, reforçou Rabaneda.
Delator da Ararath confirma novamente em depoimento transações financeiras ilegais