Yara Martinez Crowther
De Wellington (Nova Zelândia), para a BBC Brasil
Christiane Dias, de 52 anos, abriu as eleições 2014, ao votar na embaixada brasileira em Wellington, capital da Nova Zelândia. O país da Oceania, distante 12 mil km do Brasil, é o primeiro do mundo a iniciar o processo eleitoral brasileiro, por causa do fuso horário, 16 horas à frente de Brasília.
Christiane mora há 7 anos na Nova Zelândia, quando se mudou para o país com o marido neozelandês.
Foi a primeira vez que ela votou no exterior, e, para ela, educação, saúde e segurança devem ser as prioridades do próximo presidente brasileiro. "Espero que, por ter sido a primeira a votar, meu voto leve sorte ao Brasil."
Sete horas antes da abertura das sessões eleitorais no Brasil, a votação brasileira na Nova Zelândia já terá sido encerrada para os 883 eleitores - número de brasileiros aptos a votar votar na embaixada.
A votação na embaixada começou às 8h de domingo, horário local (17h de sábado, horário de Brasília).
Os brasileiros residentes no exterior só podem votar para presidente, mas, de resto, a eleição é igual - com urnas eletrônicas, mesários e lista de eleitores.
No dia 5 de outubro, 354.184 eleitores brasileiros que vivem fora do país em 168 cidades de 92 países poderão votar para eleger os novos presidente e vice-presidente da República, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
As duas urnas eletrônicas usadas nas sessões 880 e 463 de Wellington chegaram de Brasília no último dia 26. O Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal, responsável pelo processo eleitoral no exterior, lacra as urnas, que são colocadas em caixas também lacradas e acondicionadas nas chamadas malas diplomáticas (sacos de lona usados para transportar material oficial que são isentos de fiscalização alfandegária e não podem ser abertos durante o trajeto).
O processo funciona da seguinte forma: ao chegar, as urnas foram conferidas pelos vice-cônsules Saulo Lustosa e Regina Resende, cadastrados na Justiça eleitoral para fazer a checagem. Os dois funcionários da embaixada tinham a responsabilidade de verificar se os lacres estavam intactos e se as urnas estavam em ordem.
Quando for encerrada a votação, às 17h de domingo no horário local, os dados serão repassados online ao TRE-DF, que fará a apuração, e as urnas serão novamente lacradas e mandadas de volta a Brasília.
Para o embaixador Eduardo Gradilone, o maior desafio na Nova Zelândia vem sendo aumentar o número de votantes. A embaixada estima que entre 6 mil e 7 mil brasileiros morem no país.
"Desse total, aproximadamente 40% residem em Auckland (maior cidade neozelandesa, a 492 km da capital), onde não há representação diplomática, então muitos deixam de vir e depois justificam", afirma Gradilone.
Ele ressalta, no entanto, que o número de eleitores tem crescido. "Mas ainda não temos aquele número expressivo de brasileiros que vemos votar em Lisboa, por exemplo, onde as filas para votar acabam virando uma grande confraternização. Quem sabe no futuro possamos ter uma representação diplomática em Auckland, o que com certeza atrairia mais eleitores."