Assassinato em bar no Ceará reacende temor de violência política a poucos dias da eleição

Crime aconteceu em cidade do interior do Ceará. Segundo testemunhas, suspeito perguntou se havia eleitores de Lula no bar. Um homem, que respondeu que votaria no petista, foi assassinado com várias facadas.

26 set 2022 - 19h29
Assassinato aconteceu em Cascavel, cidade a 64 quilômetros de Fortaleza
Assassinato aconteceu em Cascavel, cidade a 64 quilômetros de Fortaleza
Foto: Google / BBC News Brasil

O assassinato de um homem na cidade de Cascavel, a 64 quilômetros de Fortaleza, está sendo investigado pela polícia cearense como mais um possível caso de violência com motivações políticas no Brasil.

O crime aconteceu a poucos dias do primeiro turno das eleições, que será realizado no domingo (02/10).

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Se essa motivação for confirmada pela investigação, esse terá sido o terceiro caso de homicídio por divergências políticas registrado no período eleitoral deste ano.

As duas vítimas anteriores eram eleitoras do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — assim como o homem morto em Cacavel. Nos dois casos anteriores, os criminosos eram eleitores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que concorre à reeleição.

O homicídio no interior do Ceará ocorreu neste sábado em um bar da cidade. Segundo nota da Polícia Civil enviada à BBC News Brasil, "com base nas informações colhidas no local, a motivação do crime estaria relacionada à discussão política".

A polícia não afirmou quais políticos teriam sido citados durante o crime.

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Mas, segundo o jornal cearense O Povo, que ouviu relatos de testemunhas, um homem chegou ao local perguntando se havia algum eleitor de Lula no estabelecimento.

O caseiro Antônio Carlos Silva de Lima, de 39 anos, teria confirmado que iria votar do petista.

O suspeito, que seria bolsonarista, deu uma facada na costela de Lima.

O caseiro foi levado a um hospital, mas não resistiu ao ferimento e morreu. Ele foi enterrado no domingo, e deixa uma filha de 10 anos.

Segundo a polícia cearense, o suspeito tem 59 anos e fugiu do local do crime. Policiais da região estão realizando buscas por ele.

Reações

A BBC News Brasil consultou a assessoria de imprensa da campanha de Bolsonaro sobre o caso, mas não obteve resposta.

A reportagem também entrou em contato com Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas o órgão não se pronunciou sobre o crime.

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Já a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, falou sobre o homicídio em uma publicação no Twitter. "É fanatismo e ódio estimulados por um homem desumano e cruel", disse, em referência a Bolsonaro.

Em 2018, Jair Bolsonaro afirmou que seu grupo político iria "fuzilar a petralhada".

No feriado de 7 de setembro, o presidente se referiu ao adversário como "quadrilheiro" e afirmou que o petista deveria ser "extirpado da vida pública".

"Todos são amigos do quadrilheiro de nove dedos que disputa a eleição no Brasil. Esse tipo de gente tem que ser extirpado da vida pública", afirmou.

Lula lidera as pesquisas de intenção de voto. Em último levantamento do instituto Ipec, divulgado nesta segunda-feira, ele aparece com 48% das intenções de voto, ante 31% de Bolsonaro.

A pesquisa confirma a possibilidade de o petista ganhar as eleições em primeiro turno no próximo domingo, tornando-se presidente do Brasil pela terceira vez.

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Outros casos

Nos últimos meses, outros dois assassinatos de eleitores petistas foram atribuídos pela polícia a apoiadores de Bolsonaro.

O primeiro deles aconteceu no dia 10 de julho, em Foz do Iguaçu, no Paraná. A vítima, o guarda municipal Marcelo Aloizio de Arruda, também atuava como dirigente do PT na cidade.

De acordo com as investigações, o crime aconteceu em um clube onde Arruda comemorava seu aniversário de 50 anos de idade com uma festa temática em homenagem ao PT e a Lula.

O agente penal federal Jorge Guaranho foi acusado de cometer o crime. Ele teria invadido a festa aos gritos de "aqui é Bolsonaro", e alvejando Arruda com vários disparos.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann no velório de Marcelo Aloizio de Arruda
Foto: Reuters / BBC News Brasil

O guarda reagiu, atingindo o Guaranho, que sobreviveu. Atualmente, ele está preso e aguarda julgamento.

Outro assassinato de um eleitor de Lula aconteceu em 7 de setembro na cidade de Confresa, a 1.160 km de Cuiabá, no Mato Grosso.

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Segundo a polícia, o trabalhador rural Benedito Cardoso dos Santos, 42, foi assassinado por Rafael Silva de Oliveira, 24, com cerca de 70 golpes de faca e machado.

A motivação do crime foi uma discussão sobre política, de acordo com a polícia. A vítima apoiava Lula, enquanto Oliveira vota em Bolsonaro.

Segundo o portal G1, Oliveira foi diagnosticado com esquizofrenia. O Ministério Público pediu que o suspeito seja avaliado por uma equipe especializada.

Ele foi denunciado pela Promotoria por homicídio triplamente qualificado - por motivo fútil e meio cruel.

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63042374

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