Ato reúne 45 mil e leva "cela" da Lava Jato ao Congresso

Em Brasília, protesto contra a presidente Dilma contou com defensores do impeachment e com aqueles que apenas queriam manifestar “indignação” com corrupção

15 mar 2015 - 14h37
(atualizado às 18h22)
"Cela" feita com canos de PVC trazia fotos de políticos na lista da Operação Lava Jato, que investiga desvios na Petrobras
"Cela" feita com canos de PVC trazia fotos de políticos na lista da Operação Lava Jato, que investiga desvios na Petrobras
Foto: Fernando Diniz / Terra

A manifestação contra o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) levou cerca de 45 mil pessoas à Esplanada dos Ministérios, em Brasília, na manhã deste domingo. O número foi divulgado pela Polícia Militar.

Os manifestantes começaram a se reunir às 9h30 em frente ao Museu Nacional e depois seguiram em marcha pela Esplanada até o Congresso Nacional, onde o ato foi encerrado por volta das 12h30. Carros de som acompanharam a multidão, que entoava gritos de “fora Dilma”, “fora PT” e “a nossa bandeira jamais será vermelha”. Nas camisetas verde e amarelas da Seleção Brasileira – traje oficial dos manifestantes –, muitos colaram um adesivo onde se lia “a culpa é das estrelas”, uma referência ao livro de John Green para criticar o símbolo do PT.

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Um grupo foi fortemente aplaudido quando surgiu no gramado do Congresso carregando uma espécie de cela de prisão feita com canos de PVC, que trazia fotos de políticos que estão na lista da Operação Lava Jato e serão investigados por suspeita de envolvimento nos esquemas de corrupção na Petrobras.

Segundo a Polícia Militar, duas pessoas foram detidas durante a manifestação. Um deles, informou a corporação, era simpatizante de Dilma Rousseff e agredia manifestantes nos arredores do Museu Nacional. Outro, portava um estilingue e bolas de gude. Policiais militares revistaram a multidão que passava no Eixo Monumental em direção ao Congresso.

A manifestação, que começou às 9h, teve seu ápice quando uma enorme bandeira brasileira foi estendida ao lado do espelho d'água do Congresso
Foto: Fernando Diniz / Terra
Impeachment e novas eleições

Embora o ato tenha ficado conhecido como um protesto pelo impeachment, nem todos os manifestantes disseram apoiar o afastamento da presidente Dilma. “Não (sou a favor do impeachment). Só se for para uma nova eleição. Se continuar com o vice não vai resolver”, disse o estudante Mateus Temóteo, 20 anos, referindo-se ao vice-presidente Michel Temer (PMDB), que assumiria a Presidência da República em um eventual impeachment. Temóteo também criticou os parlamentares. "A gente não aguenta mais esse tipo de coisa que está acontecendo no Congresso. Então a gente tem que mostrar a nossa força."

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“Estou aqui para que ela (Dilma) saia. Não importa se será por impeachment ou renúncia. É inadmissível que, em dois meses de trabalho, um governo tenha tanta rejeição e escândalos”, disse Robson Rossi, 30 anos, engenheiro. “Já existe base jurídica para o impeachment”, completou.

Já a enfermeira Lisete Cerqueira, 57 anos, defende impeachment e novas eleições ao mesmo tempo. “Trinta anos atrás eu subia na rampa do Congresso pedindo as Diretas-já, conseguimos. Hoje, de tanta decepção, de tanta roubalheira, queremos nosso Brasil livre de corrupção, e o cabeça disso tudo é o PT. O PT precisa sair de nossas vidas, do nosso Brasil. Queremos eleição de novo”, afirmou.

O empresário José Otávio de Morais, 37 anos, diz que não entende “nada” de impeachment, mas afirma que existem “várias bases jurídicas” para o afastamento da presidente e diz que o vice Michel Temer “tem que cair” também. “(Precisamos) acabar com essa corrupção, está demais. Chega, acabou. O povo brasileiro está cansado de sofrer. Não entendo nada, não sou advogado, mas tem várias bases jurídicas. O vice-presidente faz parte dessa corrupção também. Tem que cair todo mundo.”

Ailton Portes, 44 anos, agente de segurança jurídica, diz que não defende o impeachment e que foi ao ato apenas para manifestar sua indignação diante da corrupção. Ele conta que foi eleitor do PT, mas que nunca votou em Dilma.

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“Eu cresci acreditando no PT, sou de uma geração para quem o PT era a esperança de um Brasil menos corrupto. Porque a corrupção está instalada aí há muito tempo, e eu via (o partido) como uma solução. Votei no PT apenas na primeira eleição, e para mim bastou aquele período para ver que se tratava apenas de mais um partido. Se a Dilma ficar mais quatro anos no poder, talvez a outra parte da população enxergue o que eu enxerguei desde o primeiro ano do PT no poder e pode ser que, a partir dessa visão, a gente mude o Brasil. A mudança não vai acontecer só a partir da saída da Dilma. A mudança é mais demorada", disse Portes.

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Manifestantes vão às ruas defender Dilma e a Petrobras
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Fonte: Terra
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