Avião da Voepass que fazia rota para Fernando de Noronha tinha avarias no sistema de degelo, segundo funcionário

Empresa cancelou voos até agosto alegando “contigenciamento da operação” após o acidente

13 ago 2024 - 11h40
(atualizado às 12h04)
Imagem de modelo de avião que caiu em Valinhos, no interior de SP
Imagem de modelo de avião que caiu em Valinhos, no interior de SP
Foto: Reprodução/Airway

A companhia aérea Voepass cancelou, no último fim de semana, todos os voos da rota Fortaleza-Fernando de Noronha-Natal até o dia 31 de agosto, após a tragédia na última sexta-feira, 9, que vitimou 62 pessoas em Vinhedo, no interior de São Paulo. Segundo a empresa, o motivo é o “contingenciamento da operação”.

De acordo com o jornal O Globo, o avião que faz a rota pelo Nordeste é um turboélice ATR-42, com capacidade para 48 passageiros. O modelo é menor do que o que caiu em SP e apresentou uma série de problemas de manutenção, o que causou apreensão entre os tripulantes. Em fevereiro um membro da equipe fez uma denúncia para a chefia superior.

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O funcionário relatou avarias no avião, incluindo um rasgo no sistema de proteção contra congelamento da asa. Essa foi uma das possíveis causas que levaram ao acidente aéreo na sexta-feira com o ATR-72, segundo O Globo.

Na denúncia mostrada pelo jornal, o tripulante diz que o avião, de matrícula PR-PDS, fez desvios e curvas durante o voo, e ao perguntar o motivo, ouviu que seria para desviar de áreas de formação de gelo. Fotos foram tiradas no dia da denúncia, e mostram rasgos no sistema de descongelamento, que o deixaram inoperante. O sistema é uma borracha que protege a asa e infla para expelir o gelo em caso de formação de cristais.

O sistema é considerado um item crítico apenas para a decolagem se houver previsão de formação de gelo na rota. Caso o sistema não esteja funcionando corretamente, o voo é proibido. A formação de gelo depende da altitude e pode acontecer no Nordeste ou no Sul do país.

Na denúncia mostrada pelo jornal, o funcionário diz ter ouvido de colegas que o avião também estava com um de quatro freios quebrados, e que o pneu estava com uma “bolha” de 6 centímetros de espessura, correndo risco de estourar durante o pouso. A porta do avião também estava com um vão, suficiente para passar uma mão.

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Os tripulantes relataram que o avião chegou a ser interditado em maio pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), e ficou estacionado por alguns dias no aeroporto de Fernando de Noronha. Apesar disso, o cancelamento dos voos no Nordeste não tirou a aeronave da malha. Ela estaria, inclusive, escalada para voar nesta semana nas rotas Recife-Campina Grande e Recife-Natal-Mossoró, segundo O Globo.

O avião, de matrícula PR-PDS, entrou em operação há 26 anos no México, onde ficou por 19 anos. Depois, foi para operadores da Colômbia e Irlanda. Em 2020, veio para o Brasil pela MAP, que depois foi adquirida pela Voepass.

A Anac informou ao Terra, por meio de nota, que a aeronave da Voepass foi tirada da operação para verificação dos itens de segurança. Além do PR-PDS, uma segunda aeronave da empresa e um ATR da Azul foram atingidos pela inspeção da Agência.

Ao O Globo, a Voepass não comentou os problemas da aeronave, e confirmou o cancelamento do voo de Fernando de Noronha até 31 de agosto.

Veja o que disse a Anac:

“A Anac realiza acompanhamento planejado e constante sobre o desempenho de produtos, empresas, operações, processos e serviços e dos profissionais certificados. Sobre aeronaves que requeriam manutenção no período citado, em 7 de maio de 2024, foram identificadas três aeronaves em Fernando de Noronha que requeriam a verificação de itens para a segurança operacional de voo, sendo duas da MAP e uma da Azul. As aeronaves retornaram às operações tão logo as empresas realizaram os ajustes necessários. A aeronave da Azul foi liberada ainda em 7 de maio, enquanto as da MAP foram liberadas em 9 de maio.

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Sobre a alteração de operações da aeronave na malha aérea, este planejamento é de competência da empresa aérea. Dessa forma, as razões para o cancelamento do voo devem ser levantadas com a empresa aérea responsável.

No que tange ao atendimento dos passageiros que tiveram os voos afetados pelo cancelamento da frequência, a Anac recomenda que eles contatem a companhia aérea responsável por seus voos. Os casos de atrasos, cancelamentos e interrupção do serviço devem ser comunicados imediatamente pelas empresas, que devem manter o passageiro informado a cada 30 minutos quanto à previsão de partida dos voos atrasados. A empresa aérea deve oferecer assistência material gratuitamente, de acordo com o tempo de espera no aeroporto, contado a partir do momento em que houve o atraso, o cancelamento ou a interrupção. 

Para atrasos superiores a 4 horas, cancelamentos e interrupção do serviço, a empresa deve oferecer, para escolha pelo passageiro, as opções de: reacomodação em outro voo; reembolso integral; e execução do serviço por outra modalidade de transporte (ônibus, por exemplo)”.

Fonte: Redação Terra
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