Em meio à discussão sobre as causas do incêndio no Museu Nacional no Rio, o Banco Mundial afirmou à BBC News Brasil que foram conduzidas conversas sobre um possível financiamento do banco para auxiliar a instituição no fim dos anos 1990, mas nega que tenham sido estabelecidas condições para que o financiamento fosse adiante. Ainda de acordo com o Banco Mundial, não chegaram a ser estabelecidos valores ou condicionantes para o possível financiamento.
Nos dias após o incêndio, disseminaram-se nas redes sociais e no WhatsApp notícias de que a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), à qual o museu está vinculado, teria recusado a oferta de uma verba de US$ 80 milhões para reformar o museu, rejeitando a condição supostamente estabelecida - de entregar a administração do museu e aceitar que o passasse a ser uma organização social (OS).
Com ampla comoção gerada pela perda de maior parte do acervo do museu no incêndio, a notícia reverberou negativamente para a UFRJ, em meio a uma onda de questionamentos sobre a gestão do museu.
Em nota, no entanto, o Banco Mundial nega que essa condição tenha sido estabelecida e que um valor tenha sido firmado.
"O Banco Mundial confirma que foram conduzidas conversas sobre um possível financiamento para auxiliar o Museu Nacional entre os anos 1998 e 2000. Entretanto, o financiamento não foi concretizado. As decisões sobre financiamentos junto ao Banco Mundial são tomadas dentro de um contexto mais amplo de prioridades para o país. No caso específico do Museu Nacional, não chegaram a ser estabelecidos valores ou condicionantes para o possível financiamento", diz a nota.
"Tentativas posteriores de suporte ao Museu por meio de doação foram realizadas, mas tampouco tiveram sucesso, infelizmente. Desde 2000, nenhum outro suporte do Banco Mundial para o Museu Nacional foi solicitado ou considerado", diz a nota.
A BBC News Brasil pediu mais detalhes em contato por telefone, e o Banco Mundial reiterou que a decisão de seguir ou não com o financiamento não esteve ligada a nenhum condicionamento específico colocado pelo banco. "Isso não quer dizer que assuntos ligados à governança do museu não foram discutidos, mas essa discussão não foi determinante para isso", afirma a assessoria de comunicação do banco.
O relato sobre as negociações entre o banco e o Museu Nacional foi feito pelo empresário Israel Klabin, ex-presidente do grupo Klabin, de papel e celulose, e prefeito do Rio entre 1979 e 1980. Klabin esteve à frente da articulação com o Banco Mundial nos anos 1990, e relatou em entrevista ao site Brazil Journal que teria conseguido um cheque de US$ 80 milhões para reformar e modernizar o museu.
"Era uma modernização enorme. E a única condição imposta pelo Banco Mundial para liberar os US$ 80 milhões era que houvesse um modelo de governança moderna, com conselho e participação da sociedade civil", afirmou Klabin.
A BBC News Brasil não conseguiu contato com Israel Klabin.
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