Banco Mundial diz que nunca exigiu gestão privada do Museu Nacional em troca de empréstimo

Em nota oficial, o Banco Mundial negou ter exigido mudanças no modelo de administração do museu para liberar qualquer valor.

5 set 2018 - 17h52
(atualizado às 18h25)

Em meio à discussão sobre as causas do incêndio no Museu Nacional no Rio, o Banco Mundial afirmou à BBC News Brasil que foram conduzidas conversas sobre um possível financiamento do banco para auxiliar a instituição no fim dos anos 1990, mas nega que tenham sido estabelecidas condições para que o financiamento fosse adiante. Ainda de acordo com o Banco Mundial, não chegaram a ser estabelecidos valores ou condicionantes para o possível financiamento.

Nos dias após o incêndio, disseminaram-se nas redes sociais e no WhatsApp notícias de que a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), à qual o museu está vinculado, teria recusado a oferta de uma verba de US$ 80 milhões para reformar o museu, rejeitando a condição supostamente estabelecida - de entregar a administração do museu e aceitar que o passasse a ser uma organização social (OS).

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Fogo consumiu local que preservava itens raros e também abrigava trabalhos de pesquisa
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Foto: AFP / BBC News Brasil

Com ampla comoção gerada pela perda de maior parte do acervo do museu no incêndio, a notícia reverberou negativamente para a UFRJ, em meio a uma onda de questionamentos sobre a gestão do museu.

Em nota, no entanto, o Banco Mundial nega que essa condição tenha sido estabelecida e que um valor tenha sido firmado.

"O Banco Mundial confirma que foram conduzidas conversas sobre um possível financiamento para auxiliar o Museu Nacional entre os anos 1998 e 2000. Entretanto, o financiamento não foi concretizado. As decisões sobre financiamentos junto ao Banco Mundial são tomadas dentro de um contexto mais amplo de prioridades para o país. No caso específico do Museu Nacional, não chegaram a ser estabelecidos valores ou condicionantes para o possível financiamento", diz a nota.

Museu foi incendiado e quase todo o acervo foi perdido
Foto: AFP / BBC News Brasil

"Tentativas posteriores de suporte ao Museu por meio de doação foram realizadas, mas tampouco tiveram sucesso, infelizmente. Desde 2000, nenhum outro suporte do Banco Mundial para o Museu Nacional foi solicitado ou considerado", diz a nota.

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A BBC News Brasil pediu mais detalhes em contato por telefone, e o Banco Mundial reiterou que a decisão de seguir ou não com o financiamento não esteve ligada a nenhum condicionamento específico colocado pelo banco. "Isso não quer dizer que assuntos ligados à governança do museu não foram discutidos, mas essa discussão não foi determinante para isso", afirma a assessoria de comunicação do banco.

O relato sobre as negociações entre o banco e o Museu Nacional foi feito pelo empresário Israel Klabin, ex-presidente do grupo Klabin, de papel e celulose, e prefeito do Rio entre 1979 e 1980. Klabin esteve à frente da articulação com o Banco Mundial nos anos 1990, e relatou em entrevista ao site Brazil Journal que teria conseguido um cheque de US$ 80 milhões para reformar e modernizar o museu.

"Era uma modernização enorme. E a única condição imposta pelo Banco Mundial para liberar os US$ 80 milhões era que houvesse um modelo de governança moderna, com conselho e participação da sociedade civil", afirmou Klabin.

A BBC News Brasil não conseguiu contato com Israel Klabin.

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