Os 160 passageiros do barco a jato Rio Belo, entre eles dezenas de pessoas que iriam fazer as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em municípios do interior do Amazonas, tiveram que voltar para o Porto de Manaus após a embarcação apresentar problemas mecânicos no meio do Rio Amazonas. O imprevisto acabou com o sonho de muitos passageiros que iriam tentar uma vaga na universidade.
A embarcação deixou Manaus às 6h de hoje em direção aos municípios de Codajás (a 239 km da capital), Coari (a 450 km) e Tefé (a 575 km de Manaus), que ficam na bacia do rio Solimões. Ao passar pelo Encontro das Águas o barco apresentou problemas e os passageiros foram informados que teriam que retornar. Na chegada ao porto de Manaus começou a confusão.
"A empresa dona do barco disse que não pode fazer nada por nós. Não tem como colocar a gente em um barco. E agora, como ficamos?", questionou a estudante Greici Gaspar Martins, 28 anos, que retornava para a cidade de Tefé, onde iria fazer as provas do Enem.
Além dela, a estudante Valéria Martins, 17 anos, também estava indignada por perder uma prova tão aguardada. Ela veio a Manaus no início da semana para um tratamento de saúde da filha recém nascida e voltaria hoje para Codajás. "Me preparei três anos e agora meu sonho de uma vaga na universidade foi frustrado. E o pior é que não posso fazer nada", lamentou a estudante.
Segundo o comandante do barco, o retorno para Manaus foi emergencial. A viagem até o último destino, que é a cidade de Tefé, é feita em 12h. "Infelizmente não temos como prever esses problemas. O que estamos fazendo é devolver o dinheiro dos passageiros", disse o prático Francisco Martins, 54 anos.
A viagem nesse tipo de embarcação custa R$ 200 até a cidade de Tefé. O mesmo percurso de avião custa aproximadamente R$ 720. Das pessoas que iriam fazer o Enem, poucas tinham condições de viajar de avião. "Meu pai vai pagar minha passagem de avião. Se não fosse ele, eu iria perder a prova. O que é um absurdo porque essa empresa dona do barco tinha que ser responsabilizada", disse a estudante Fabiola Oliveira, de 20 anos, enquanto aguardava o namorado lhe buscar no porto de Manaus.
Direitos
De acordo com a chefe do escritório regional da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), os passageiros teriam direito ao ressarcimento da passagem e, para aqueles que não têm condições de retornar as suas casas, os responsáveis pelo barco deveria assumir esses gasto. Contudo, como se trata de transporte aquaviário intermunicipal, a Antaq não tem gerência sobre o problema.
"Essa regulação deveria ser feita por um órgão estadual, mas o Amazonas não possui. Infelizmente esses passageiros vão ficar a mercê da boa vontade do proprietário da embarcação", explicou Danielle Carvalho, chefe regional da Antaq.