Funcionários da empresa belga Astra Oil relataram, em trocas de e-mails, que os executivos da Petrobras faziam muita “besteira” na refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), eram “extravagantes” nos gastos e qualquer decisão levava “10 vezes mais tempo que o necessário”. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, os comentários pejorativos são de Mike Winget, presidente da Astra, e seu diretor de operações, Terry Hammer, em e-mails para cinco pessoas da equipe, datado de 2 de novembro de 2007.
A relação entre as empresas era problemática também sob a ótica dos diretores da Petrobrás. Segundo o jornal, eles achavam que os belgas tinham "visão de curto prazo", demoravam a "reagir" aos problemas, e pensavam muito diferente da Petrobras, segundo foi relatado em documentos internos da empresa.
Na época das mensagens, Astra e Petrobras discutiam o próximo passo de um negócio que começou em 2006, quando a estatal brasileira comprou da Astra 50% da refinaria texana, pagando US$ 1,18 bilhão por uma refinaria que anos antes os belgas haviam comprado por US$ 42 milhões.
Ficou evidente nos e-mail trocados que os belgas duvidavam que a estatal realmente compraria os outros 50% da refinaria. "Vamos presumir o pior cenário. Teremos que continuar com a sociedade e continuar nessa bagunça por mais um ano", disse Winget. "Precisamos nos preparar para uma guerra suja".
Ainda segundo documento obtido pela Folha, o presidente da Astra disse que "não ficaria surpreso se a Petrobras já tiver se dado conta que a refinaria não vale os US$ 650 milhões que eles sinalizaram".
Mas, ao contrário do que pensava o belga, um mês depois o internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, fez uma oferta ainda maior, de US$ 700 milhões. Cerveró, que estava na BR Distribuidora, foi afastado do cargo depois que o caso de Pasadena voltou à tona.
No começo de 2008, Cerveró encaminhou o negócio com os belgas para o conselho de administração da Petrobras. Quando ficou ciente de todos os detalhes, Dilma Rousseff, que presidia o conselho, se recusou a fechar a compra.
A partir de então, a Petrobras passou a exigir que a Astra injetasse dinheiro na refinaria e avalizasse mais um empréstimo. A discussão entre as duas empresas foi parar na Justiça e, como o acordo original beneficiava os belgas, a estatal perdeu e foi forçada a fazer o negócio.