Nem nas eleições de 2014 ele conseguiu – afinal, 55% dos votos válidos, ainda que em turno único, não representam 100% do eleitorado. Na tarde desta quinta-feira, porém, o governador Beto Richa (PSDB) foi, sim, unanimidade, ainda que por algumas horas. Mas não a unanimidade com a qual todo agente político sonharia: era impossível andar pelo Centro Cívico da capital paranaense e colher um único relato ou palavra de ordem que fosse em favor do chefe de Executivo reeleito com mais de 3,3 milhões de votos há apenas seis meses.
É como se a ofensiva da Polícia Militar sobre professores e outros manifestantes, na véspera, às portas do Palácio Iguaçu (sede do governo paranaense) e da Assembleia Legislativa, tivesse atingido bem mais que a categoria profissional que era contrária a mudanças em seu próprio sistema previdenciário.
Em protesto, alunos de ensino Médio e Superior, de colégios e universidades públicos e privados, se uniram para repudiar a violência do dia anterior e ganharam a adesão de movimentos populares e até de quem deu a Richa, em outubro, mais quatro anos de governo.
“Votei nele, e, se tivesse como mudar meu voto, eu mudaria, de tanto que me arrependo. Minha filha está sem aula desde que começou a greve nas escolas do Estado, mas, pior que isso, foi ver a covardia de professores serem agredidos e impedidos de entrar em uma casa com pessoas que eles mesmos ajudaram a eleger”, lamentou a embaladora Noemi Zoleti, 43 anos, de Rio Negro, sul do Paraná. Gabriela, a filha sem aulas devido à paralisação, completou 15 anos ontem. “Nunca vou esquecer esse episódio, foi muito emblemático para a gente”, resumiu a mãe.
Assistente de vendas em Curitiba, Joselene Nascimento, 34 anos, também foi ao ato de hoje no Centro Cívico. “É uma vergonha o que aconteceu aqui ontem; acho que nem procurando no dicionário eu consigo expressar. Cadê a ‘Curitiba cidade modelo’ de que tanto falam?”, questionou.
O ato teve início por volta das 13h comandado por estudantes. Eles deixaram a Praça 19 de Dezembro, nas imediações do Centro Cívico, e foram até o palácio do governo. Lá, um princípio de confusão acabou ganhando corpo quando um dos estudantes foi detido por desacato e levado pelo Choque ao 1º Distrito Policial. Os manifestantes tentaram então entrar por uma das portas do palácio, mas foram contidos por seguranças de terno e gravata. Os estudantes diziam que não deixariam o local até que o rapaz fosse solto – o que aconteceu por volta das 16h, segundo um advogado, após a assinatura de um termo circunstanciado.
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Além os gritos de guerra – “Richa fascista” era o principal , além de palavras de apoio aos professores –, os manifestantes levaram cartazes com a inscrição “Beto Ritler” e mensagens de apoio à educação pública. Em diversas faixas, lia-se ainda “luto à democracia” expresso também nas roupas dos presentes – predominantemente pretas.
Um grupo de estudantes deixou a bandeira do Paraná do palácio a meio-mastro e pôs, logo abaixo dela, uma bandeira menor, preta. Outros pintaram as mãos de vermelho e deixaram as digitais no mastro branco em sinal de apoio “ao sangue dos feridos” pela repressão policial da véspera.
Em intervenções artísticas, alunos de faculdades particulares, também de preto, deixaram rosas brancas em frente à sede do governo. Entraram e saíram aplaudidos.
Os aplausos seriam mais fortes, porém, quando um grupo de professores em greve veio em direção aos estudantes. Pararam com o carro de som em frente à Assembleia e abriram o microfone a quem quisesse falar – uma fila de pelo menos 30 pessoas se formou, entre pais de alunos, sindicalistas, grevistas e participantes de segmentos tão distintos quanto skatistas e aposentados. Antes, porém, fizeram “um minuto de silêncio pela morte da democracia”.
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“Governo picareta”, repetiu, por três vezes, um dos que se dispuseram a discursar. “Dormi ontem e só ouvia aqueles apitos e barulhos de bombas na cabeça”, disse uma estudante, também ao microfone. Outros tantos, acompanhados pelos manifestantes, pediram em mais de uma oportunidade “Fora Beto Richa”.
Pelo sindicato que representa os professores estaduais paranaenses, a APP Sindicato, dirigentes explicaram que, durante todo o dia, conversaram com representantes da comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná e Comissão Estadual da Verdade para relatar os abusos de ontem e definir os rumos seguintes.
“Estimamos que pelo menos 200 professores se feriram ontem, mas estamos pedindo que façam exame de corpo delito e registrem isso em uma delegacia para que sirva de subsídio à investigação criminal aberta pelo MP. Criamos uma comissão, batizada de 29 de Abril, para receber esses casos e levar eles a quem investiga para que não fiquem impunes”, afirmou uma das dirigentes da APP, Rose Mari Gomes.
Para amanhã, feriado de 1º de Maio, a festa para o trabalhador que seria realizada pelo governo no Centro Cívico teve os palcos que eram erguidos todos desmontados. No lugar da festa, professores, estudantes e movimentos sociais farão uma “marcha fúnebre” pelos presos e feridos no ato de quarta-feira.
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Curitiba: protesto tem confusão entre seguranças e estudantes
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Confronto entre a PM do Paraná e os manifestantes saiu do controle na tarde desta quarta-feira. Dezenas de pessoas ficaram feridas e a prefeitura de Curitiba considerou "abusiva" a ação policial
Foto: Joka Madruga
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Foto: CUT-PR
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Manifestante ferido foi atendido em um hospital municipal
Foto: Prefeitura de Curitiba
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Foto: APP Sindicato
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Cinegrafista da Catve foi atingido durante o conflito
Foto: Catve
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Confronto teve início da sessão na Assembleia
Foto: Catve
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Sessão foi continuada mesmo com o confronto acontecendo do lado de fora da Alep
Foto: Catve
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Manifestantes e PM entram em confronto no Paraná
Foto: Catve
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Manifestantes e PM entram em confronto no Paraná
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Manifestantes e PM entram em confronto no Paraná
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Manifestantes e PM entram em confronto no Paraná
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Manifestantes e PM entram em confronto no Paraná
Foto: Catve
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Protesto de professores terminou em batalha campal em Curitiba
Foto: Agência Paraná
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Manifestante usou máscara para se proteger do gás lançado pela Polícia Militar
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Homem é imobilizado por um policial no centro de Curitiba
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Manifestante detido pela Polícia Militar
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Policial foi atingido por tinta lançada pelos manifestantes
Foto: Agência Paraná
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Homem com mãos amarradas e boca amordaçada protesta no centro de Curitiba
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Manifestantes se protegeram até com tampas de caldeirão para cozinhar
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Fotógrafos se abrigaram em pontos de ônibus em Curitiba
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Tropa de Choque foi chamada para agir no Centro Cívico de Curitiba
Foto: Agência Paraná
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Manifestante mascarado em ato na capital paranaense
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Polícia lançou muitas bombas durante o ato
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Mulher ferida é atendida em Curitiba
Foto: Gabriel Rosa
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Tropa de Choque avançando em direção aos manifestantes
Foto: Orlando Kissner
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Homem com a camisa do Corinthians é detido por policiais à paisana
Foto: Orlando Kissner
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Manifestante é levado por dois homens em Curitiba
Foto: Orlando Kissner
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Vários foram detidos após o confronto com a polícia
Foto: Orlando Kissner
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Manifestante foge das bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela polícia
Foto: Gabriel Rosa
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Homem levou um tiro de borracha na região do pescoço
Foto: Gabriel Rosa
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Prefeitura de Curitiba socorreu mais de 150 manifestantes feridos
Foto: Everson Bressan
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Homem com ferimento no braço após ato no Paraná
Foto: Everson Bressan
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Mulher é atendida por profissionais da saúde
Foto: Everson Bressan
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Samu analisa ferimento em manifestante
Foto: Everson Bressan
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Homem chuta bomba lançada pela Polícia Militar
Foto: Agência Paraná
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Protesto de professores terminou em batalha campal em Curitiba
Foto: Agência Paraná
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Protesto de professores terminou em batalha campal em Curitiba
Foto: Agência Paraná
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Protesto de professores terminou em batalha campal em Curitiba