O militante bolsonarista Jorge Guaranho virou réu por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e perigo comum pelo assassinato do tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) e guarda municipal Marcelo Aloizio de Arruda. A vítima foi morta a tiros em sua festa de aniversário.
A decisão é do juiz Gustavo Germano Francisco Arguello, da 3ª Vara Criminal de Foz do Iguaçu (PR), que acolheu a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR), nesta quarta-feira, 20.
De acordo com o MP, o acusado agiu por motivo fútil por "preferências político-partidárias antagônicas" e colocou a vida de mais pessoas em risco após efetuar disparos no salão de festas. Os promotores de Justiça Tiago Lisboa e Luís Marcelo Mafra Bernardes da Silva fizeram uma coletiva de imprensa para apresentar a denúncia.
As autoridades explicaram ainda que as investigações não constataram a prática de crimes de ódio, discriminação, ou contra o estado democrático de direito, mas vão aguardar laudos complementares para decidir sobre uma possível revisão da acusação.
Até o momento, não foi concluída a perícia no celular e no carro do policial penal, no local do crime e do aparelho que gravou as imagens das câmeras de segurança.
Caso seja condenado, o bolsonarista poderá pegar de 12 a 30 anos de prisão. Entretanto, os promotores ressaltaram que, se for necessário, podem complementar a denúncia.
Procurado, o advogado que representa a família de Arruda, Daniel Godoy Junior, afirmou que espera que haja Justiça para o petista e que a morte do rapaz não tenha sido em vão.
"Inicia-se o processo penal, esperando a família da vítima que se faça Justiça, de forma exemplar, para que fatos como este não mais se repitam, especialmente no momento em que a sociedade brasileira e internacional, busca preservar o Estado Democrático de Direito, atacado pelos instigadores do ódio. Que a morte de Marcelo não tenha sido em vão, servindo de alerta para responsabilidade de todos para com a preservação da paz", finaliza.
Morte de petista
Na madrugada do último dia 10 de julho, o tesoureiro do Partido dos Trabalhadores em Foz do Iguaçu (PR) comemorava seus 50 anos com a família e amigos em uma festa temática do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na ocasião, Guaranho, policial penal federal, estacionou seu carro em frente ao local da celebração e, sem sair do automóvel, discutiu com o petista. Cerca de 20 minutos depois, ele voltou armado e, do lado de fora, disparou dois tiros na direção de Arruda.
Em seguida, invadiu o salão e atirou mais uma vez contra o petista, que já estava caído. Mesmo ferido, Arruda conseguiu reagir e efetuou seis disparos na direção de Guaranho. O guarda municipal morreu pouco depois, enquanto o policial penal está internado em estado grave, mas já teve sua prisão preventiva decretada.