O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira que todos os ministros precisam estar afinados com ele e disse que irá conversar com o ministro da Saúde, Nelson Teich, mais uma vez sobre a aplicação da cloroquina no tratamento de vítimas da Covid-19, ressuscitando a polêmica em torno do medicamento.
"Todos os ministros são indicações políticas minhas, está certo? E quando eu converso com os ministros, eu quero eficácia na ponta da linha. Nesse caso, não é gostar ou não do ministro Teich, tá? É o que está acontecendo. Nós estamos tendo aí centenas de mortes por dia. Se existe uma possibilidade de diminuir esse número com a cloroquina, por que não usá-la?", disse Bolsonaro.
O presidente reconheceu que o medicamento pode não fazer efeito, mas disse que não se sabe ainda e defendeu o uso do remédio no início do doença, apesar da falta e comprovação científica de eficácia contra a doença respiratória provocada pelo novo coronavírus.
"A gente não pode é daqui a dois anos falar 'ah, se tivesse usado a cloroquina lá atrás, teríamos salvo milhares de pessoas'. Só isso", defendeu.
Neste final de semana, Teich foi alvo dos grupos bolsonaristas nas redes sociais com a hashtag "Teichliberacloroquina" e "ForaTeich", após o ministro ter afirmado que não havia indícios claros ainda de benefícios do medicamento.
Na terça, Teich usou também as redes sociais para informar que o ministério não proibia o uso do medicamento e já tem um protocolo de uso desde o final de abril. Bolsonaro, no entanto, afirmou que irá conversar com o ministro porque o protocolo prevê apenas o uso em casos graves no Sistema Único de Saúde e que isso não seria o mais eficaz.
Pesquisas recentes, no Brasil e no exterior, não comprovaram eficácia da cloroquina em pacientes da Covid-19, com resultados em estudos controlados mostrando que o medicamento não reduz casos graves ou óbitos.
EXAMES
Questionado também sobre o porquê de ter mudado de ideia e mandado entregar os seus exames de Covid-19 para a Justiça, Bolsonaro disse que o ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski irá decidir sobre o caso, então mandou entregar logo para o magistrado decidir o que fazer.
"Eu estou fazendo valer a lei. Eu e você, nós somos escravos da lei. E a lei diz que a intimidade, isso aí você não precisa divulgar. Por isso que eu desde o começo me neguei a entregar. Agora alguns acham que eu estou mentindo. Já adianto: cairão do cavalo", afirmou.