Bolsonaro critica relação de Alckmin com o agronegócio

Pré-candidato do PSL falou sobre a incoerência de se dizer "amigo do agronegócio" e já ter recebido o MST no Palácio dos Bandeirantes

7 ago 2018 - 19h25
(atualizado às 21h17)

O candidato do PSL à Presidência, deputado Jair Bolsonaro, atacou nesta terça-feira (7) o presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, por se dizer agora "amigo do agronegócio" e disse que o tucano já recebeu, quando era governador de São Paulo, o MST no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual.

"Não dá, né? MST (Movimento Sem Terra) é terrorismo. O Alckmin era contra o armamento, agora ele é a favor do armamento do homem no campo. Parabéns, né. Ele é o santo, mas quem tá fazendo milagre sou eu. Entre esses que estão aí não tem nenhum melhor que eu não", afirmou o candidato, em entrevista coletiva no Congresso Nacional.

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Em outro momento, o presidenciável disse acreditar que não muda nada o fato de adversários terem escolhido vices ligados ao agronegócio. Tanto a companheira de chapa de Alckmin, senadora Ana Amélia (PP), como a de Ciro Gomes (PDT), senadora Katia Abreu, do mesmo partido, têm ligações com o setor.

Candidato do PSL à Presidência, deputado Jair Bolsonaro, dá entrevista no Congresso
07/08/2018
REUTERS/Adriano Machado
Candidato do PSL à Presidência, deputado Jair Bolsonaro, dá entrevista no Congresso 07/08/2018 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

O deputado afirmou que vai manter o "básico" para o setor, garantindo o direito à propriedade privada que foi "relativizada" e proteção contra invasões do MST. Sinalizou ainda com a liberação do porte de arma para quem queira se defender e uma "política específica" para o furto e roubo de agrotóxico.

Bolsonaro também chamou Fernando Haddad, coordenador do programa de governo do PT e vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de "pai do kit gay". Ironizou o petista dizendo que ele tem uma excelente mensagem e que talvez tenha um "excelente discurso para os pais".

Questionado se Haddad é um bom adversário - ele deve assumir a cabeça de chapa diante da provável impugnação de Lula pela Lei da Ficha Limpa -, o candidato disse que entrou na disputa para ser campeão.

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"Se não fosse uma ameaça, vocês não estariam aqui conversando comigo. Não sou patinho feito, sou o patinho horroroso. Mas estou há quatro anos viajando o Brasil", afirmou.

Na véspera, Haddad apontou como candidaturas a serem batidas as de Alckmin e do ex-ministro Henrique Meirelles (MDB), sem mencionar a do deputado, porque não consegue "visualizar o projeto Bolsonaro".

Nesta tarde, Bolsonaro disse que não precisa de marqueteiro porque tem 15 segundos para fazer a campanha no rádio e na TV no programa eleitoral. "O que ele vai fazer para mim? Colocar maquiagem, toma uma maracujina aí", brincou.

Vice

O candidato, admitiu que a advogada Janaina Paschoal seria uma vice "melhor" em sua chapa, enquanto o nome definido acabou sendo o do general da reserva do Exército Hamilton Mourão, filiado ao PRTB.

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"Para ganhar voto, a Janaina é melhor, não tenha dúvida", disse ele.

Questionado se o fato de ela ser mulher e uma das subscritoras do pedido de impeachment da então presidente Dilma Rousseff ajudaria na conquista dos votos, Bolsonaro afirmou que "tudo soma para ela". "Era uma blindagem no combate à corrupção", destacou.

O candidato disse que Janaina decidiu se dedicar à família, por ter filhos. E ironizou: "se é mulher (a necessidade de ser vice), bota a minha mãe então, uma senhora de 91 anos maravilhosa."

O deputado minimizou a polêmica a respeito das declarações de Mourão que, na véspera, afirmou que o país herdou a "malandragem" do negro e a "indolência" do índio. Primeiro, disse que Mourão é filho de índia e depois argumentou que esperteza e malandragem são a "mesma coisa".

"No Rio, todo mundo me chama de carioca malandro toda hora", afirmou ele.

Questionado se o episódio não poderia manchar a candidatura, Bolsonaro disse que responde pelos seus atos e o vice, pelos dele.

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