Questionado nas redes sociais sobre alta no preço dos alimentos por seus apoiadores, o presidente Jair Bolsonaro culpou nesta segunda-feira a pandemia de Covid-19 e disse as medidas de distanciamento social desajustaram o mercado.
"Baixam-se os preços na lei da oferta e procura, e não com tabelamentos. Não se esqueça da pandemia, do fique em casa, etc. Tudo isso desajustou o mercado, mas não tivemos desabastecimento. Estamos fazendo o possível na busca da normalidade", escreveu Bolsonaro ao responder um apoiador.
Depois de vários questionamentos em uma publicação --na qual o presidente publicou um vídeo, em inglês, defendendo o agronegócio brasileiro-- Bolsonaro mostrou irritação com algumas pessoas afirmando que os produtores brasileiros vendiam os produtos mais caro no exterior que no Brasil.
"Os preços no exterior são muito superiores aos praticados aqui. Não se pode começar uma crítica com falácias ou mentiras", disse.
Em sua tradicional conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada nesta manhã, Bolsonaro voltou ao assunto.
"Pessoal tem reclamado do preço dos alimentos. Tem subido sim além do normal, a gente lamenta isso daí. Também é uma consequência do fique em casa. Quase quebraram a economia", afirmou. "Aquela política do fique em casa e a economia a gente vê depois está tendo reflexo agora."
Bolsonaro já repetiu várias vezes elogios aos produtores rurais que, segundo ele, não teriam respeitado a idéia do "fique em casa" e teriam continuado produzindo durante a pandemia. Na semana passada, chegou a dizer que os produtores não teriam sido "frouxos" de aderirem ao distanciamento social.
"Pessoal parece que esqueceu o período da pandemia, que nos endividamos em mais de 700 bilhões de reais, e passa a criticar o agronegócio que tinha de vender aqui para dentro e não para fora. Olha a soja toda tem que ser exportada, não tem como consumir aqui dentro toda", disse. "E eu sou da livre iniciativa, da oferta e da procura. E o mercado é que diz se vai vender aqui ou lá fora."
A inflação para outubro, que fechou em 0,86% no IPCA, foi a mais alta para o mês nos últimos 18 anos. No acumulado de 12 meses, chegou a 3,92%.
De acordo com o IBGE, alimentos e bebidas foram os principais responsáveis, com tomate, frutas, batata inglesa registrando os maiores aumentos e somando-se ao arroz e ao óleo de soja, que tiveram altas menos intensas que no mês anterior, mas continuaram subindo.